quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O autor como produtor - Walter Benjamin

Considerando a perspectiva de Walter Benjamin sobre tendência do autor e a qualidade de sua produção, elabore uma reflexão que desenvolva e/ou atualize esses argumentos, procurando exemplo(s) literário(s) em que possam ser identificados aspectos dessa discussão. Procure expressar inicialmente qual o seu ponto de vista sobre os conceitos de Benjamin e, se necessário, apresentar uma referência que confirme ou conteste as ideias presentes nas citações abaixo:

1) "Pretendo mostrar-vos que a tendência de uma obra literária só pode ser correta do ponto de vista político quando for correta também do ponto de vista literário. Isso significa que a tendência politicamente correta inclui uma tendência literária. E já acrescento imediatamente que é essa tendência literária contida implícita ou explicitamente em toda tendência política correta - é ela, e somente ela, que determina a qualidade da obra. É por isso, portanto, que a tendência política correta de uma obra inclui sua qualidade literária - porque inclui sua tendência literária." (p. 130).

2) "A melhor tendência é falsa quando não prescreve a atitude que o escritor deve adotar para concretizá-la. E o escritor só pode prescrever essa atitude em seu próprio trabalho: escrevendo. A tendência é a condição necessária, mas jamais a condição suficiente para o desempenho da função organizatória da obra." (p. 141).

BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. 
In: _____. Magia e técnica, arte e política. 
Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. 8. ed. 
São Paulo: Brasiliense, 2012.

26 comentários:

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  2. Os conceitos de tendência e qualidade de Walter Benjamin devem estar corretos para que a obra alcance seu verdadeiro valor; ou seja, de nada adianta o autor apresentar uma boa tendência se seu texto não for bem desenvolvido ou não condizer com a realidade. Benjamin equilibra suas ideias com maestria, demonstrando que a tendência, apesar de essencial, não carrega todo o prestígio de um bom livro. Um exemplo disso pode ser notado se feito um paralelo entre “Os treze Porquês”, de Jay Asher, e “Eu Estive Aqui, de Gayle Forman.
    Ambos os livros carregam personagens suicidas (Meg e Hannah) à sombra de seus protagonistas (Cody e Clay). Em “Os Treze Porquês” o tema central se desenvolve, como o título já sugere, em torno dos motivos que levaram Hannah Baker a cometer suicídio. Apesar da tendência do autor de querer mostrar que são os “pequenos motivos” que incentivaram a personagem, ele peca em sua qualidade, deixando vários fatores (como a depressão e a relação familiar) em segundo plano ou implícitos, focando na “vingança” planejada por Hannah.
    Em “Eu Estive Aqui” o tema central se desenvolve em torno do luto, onde Cody tenta buscar os motivos que levaram Meg a se matar. O livro de Gayle Forman se estende com competência tanto em tendência quanto em qualidade. Uma das cenas mais marcantes da obra acontece quando os pais de Meg contam à Cody que sua melhor amiga era portadora de depressão, e Cody se nega a acreditar, pois Meg parecia estar sempre bem e nunca havia mencionado a doença. O livro chega ao fim demonstrando que, apesar de Meg ter ganhado um pequeno “empurrão”, ela na verdade não precisou de motivos para cometer o suicídio.
    Portanto, é notável que apesar de “Os treze porquês” possuir o seu valor (em grande parte por panfletarismo), ele poderia ter um peso ainda maior para os portadores da doença. Falta na obra uma retratação mais crua da realidade, coisa que “Eu Estive Aqui” faz, e faz muito bem.

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  3. De acordo com Walter Benjamin, para que uma obra tenha a devida importância que merece, a sua tendência e qualidade necessitam estar equilibradas. Porém, nem sempre isso ocorre. Às vezes, mesmo que a tendência (intenção) seja apreciada pela sociedade, o autor, ao desenvolver seu livro, pode retratar algo que não seja condizente com a sua tendência, desmerecendo então sua obra.
    Benjamin, em seu livro, argumenta: "por um lado devemos exigir que o autor siga a tendência correta, e por outro lado temos direito de exigir que sua produção seja de boa qualidade" (p. 121).
    Em vista disso, o livro "Um caso perdido" é um exemplo claro do quanto é essencial que tendência e qualidade andem lado a lado. Nesse livro, a protagonista foi abusada sexualmente pelo seu próprio pai quando criança. Depois de ter sido afastada do abusador e criada por uma tia, a menina quando cresce acaba esquecendo completamente dos abusos. Isso acontece, principalmente, porque o inconsciente da vítima de abuso sexual (crianças), cria um bloqueio nas memórias, pois assim evita o seu sofrimento e a dor emocional fica reprimida.
    Mas voltando para o essencial, quando a nossa protagonista conhece um rapaz e se vê agoniada quando não consegue se aproximar fisicamente dele, aos poucos e ao longo do livro, ela vai recordando do sofrimento que ela mesma esqueceu.
    O que quero dizer, é que esse livro tinha tudo para ter uma boa tendência, e acabar errando na qualidade. Pois, como também tínhamos o romance infiltrado na obra, a autora poderia ter "deixado de lado" os problemas emocionais que a nossa protagonista sofria e focado no relacionamento do casal. O que muitas vezes ocorre em algumas obras. Porém, não é isso que acontece. Ao longo do livro, a autora sempre faz com que o leitor fique desconfiado que há algo para ser descoberto. Assim, a cada página queremos descobrir, como a própria protagonista também quer, o que aconteceu com ela e desvendar o seu passado. Essa obra, assim como muitas, conseguiu de forma muito genuína ter uma tendência que coincidisse com sua qualidade, em muitos aspectos, mas principalmente por ter desenvolvido muito bem um assunto tão delicado que é o abuso sexual infantil.

    Maria Eduarda Azevedo Soares.

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  4. Segundo Walter Benjamin, tendência e qualidade devem andar sempre lado a lado em perfeita sincronia, pois uma obra que não os possui está fadada ao fracasso. Muitos escritores se perdem ao longo de sua própria obra porque tentam seguir a tendência e pecam muito na qualidade e acabam utilizando-se de panfletarismo. A tendência apesar de ser extremamente importante não pode e não consegue manter uma obra sozinha. Por exemplo, ao comparar "After" de Anna Todd, e "Amor Amargo" de Jennifer Brown.
    As duas obras retratam relacionamentos abusivos, no entanto em "After" a tendência da autora não era retratar um relacionamento abusivo ente os protagonistas, Hardin e Tessa, e sim um romance entre ambos o que fica explicitamente claro que não acontece. Hardin é extremamente controlador e manipulador em relação à Tessa e ao relacionando de ambos, a protagonista aceita tudo o que Hardin faz e quando tenta se impor em relação às exigências dele, acaba sempre voltando atrás e o perdoando e isso se estende durante todos os 5 livros da franquia tornando-a cansativa e sem perspectiva de algo diferente. A autora peca extremamente na qualidade e utiliza-se de panfletarismo durante todos os livros.
    Já em "Amor Amargo", a autora deixa claro que tem a intenção em retratar um relacionamento abusivo entre Cole e Alex. Jennifer nos transporta para a vida de Alex a cada momento, sofremos com a protagonista e acabamos por entender porque em continua com Cole apesar de tudo. Jennifer ao escrever esse livro retratou a vida de milhares de mulheres que sofrem violência doméstica, ela conseguiu equilibrar tendência e qualidade com tamanha maestria que infelizmente a autora de "After" não conseguiu.
    Enquanto "After" romantiza um relacionamento abusivo e tóxico, "Amor Amargo" nos faz refletir e como a própria autora põe ao final de se livro "Alex me ajudou a entender que, se não experimentamos uma coisa dessas na pele, talvez não tenhamos a menor a ideia do que faríamos no lugar de alguém nesse situação".

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  6. Benjamin estava correto ao relacionar a tendência de uma obra literária com sua qualidade, visto que as pessoas sentem a necessidade de se conectarem a obra, e quando este objetivo é atingido, esta é mais valorizada. Um bom exemplo de tendência-qualidade é “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, em um tempo em que as pessoas temiam pela propagação do fascismo, Huxley pegou todo esse medo e as marcas da pós industrialização na sociedade e converteu em uma das maiores obras distópicas que segue sendo extremamente atual. A tendência de Admirável Mundo Novo está correta e é exposta de certa forma ironicamente por abordar o maior assunto (e temor) da época já concretizado, sem uma saída.
    No prefácio de 1946, escrito por Huxley, o autor já comprova a boa qualidade da sua obra “Admirável Mundo Novo é um livro sobre o futuro e, sejam quais forem suas qualidades artísticas ou filosóficas, um livro desse tipo só poderá nos interessar se suas profecias derem a impressão de poderem, concebivelmente, vir a realizar-se”, por esta se aplicar exatamente ao que ele cita, visto que é uma das distopias que mais representam pontos da nossa realidade.

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  7. Ao tomar conhecimento da teoria de Walter Benjamin sobre “Tendência e Qualidade”, deparei-me com algo que jamais havia pensado, do ponto de vista literário. Depois de conhecer, ainda que superficialmente, tal teoria, parece óbvio que esses conceitos são fundamentais para a análise literária, quer seja superficial, feita pelo simples leitor como eu, quer seja profunda, realizada pela crítica literária propriamente dita. Os conceitos revelam a capacidade do autor em expor e desenvolver seu pensamento acerca do tema escolhido, seja este de aprovação social ou repulsa. É essencial que o escritor seja fiel à tendência escrevendo com argumentos que corroborem seu intento e acrescentem importância à obra, ainda que o tema seja indigesto ou incômodo.
    No livro “Diário do Farol”, de João Ubaldo Ribeiro, temos a história contada na primeira pessoa de um sujeito amoral, inescrupuloso, repulsivo e arrogante, e que acaba por se tornar padre. Um psicopata que na primeira página chama o leitor de ignorante. Com o propósito de ser o mais honesto possível na narrativa, vai deixando evidente seu desprezo pela humanidade, sua ausência de qualquer vínculo afetivo familiar, mas enaltecendo essas características como sendo essenciais à sobrevivência e sucesso, entendido aqui como apenas dar-se bem diante das vicissitudes da vida. É com essa narrativa que o leitor acaba sendo “levado a pensar sobre sua própria condição – na sociedade em que vive, na humanidade a que pertence”.

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  8. A obra, titulada "Simon vs A Agenda Homo Sapiens", escrita pela psicóloga Becky Albertalli, tem seu enredo desenvolvido, a princípio, com foco no acidente em que Martin Addison tem acesso, através de um computador da escola, ao e-mail de Simon Spier, encontrando conversas íntimas entre ele e o anônimo, Blue. Martin acaba por descobrir assim que a protagonista é gay e, tendo fotos como prova, passa a "chantageá-lo" a troco de uma "ajudinha" com a garota de que esse sujeito gosta..

    Apesar de essa ser a primeira e principal problemática apresentada, a autora aborda questões muito convenientes sobre uma boa relação com familiares, amigos e a esperada e muito fantasiada aceitação ao longo do livro; aspectos que tornam sua tendência explicitamente correta. Por ser uma leitura mais delicada e superficial ao tratar de assuntos complexos, acredito que poderia, sim, não ser vista como uma boa obra literária em comparação às tantas outras e as formas que elas são romantizados. Considerando os argumentos de Walter Benjamin, acredito que mesmo que a qualidade e a tendência sejam elementos independentes, uma obra pode ser construída 'dentro dos conformes e ainda interessante.

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  9. Compreendi, a partir das ideias do texto de Walter Benjamim, que tendência e qualidade são categorias literárias diferentes, mas que andam juntas. No texto, Benjamim afirma que “uma obra caracterizada pela tendência justa não precisa ter qualquer outra qualidade. Podemos também decretar que uma obra caracterizada pela tendência justa deve ter necessariamente todas as outras qualidades.” (p.121)
    Sendo o autor um progressista, ele refletirá em suas obras a tendência relacionada à luta de classes. Emily Giffin, em sua obra Uma Prova de Amor, traduzida para o português em 2013, aborda um assunto considerado bastante delicado e desafiador que diz respeito ao papel da mulher na sociedade atual. A personagem principal da narrativa está decidida de que não terá filhos. Tendo uma carreira profissional estável, estando realizada financeiramente, ela conhece Ben, que também não pensa em ter filhos, e os dois se casam. Marido perfeito, vida perfeita; tudo correndo muito bem até que um dos dois muda de ideia e resolve que ter um filho não é uma má ideia. Isso causa uma turbulência no relacionamento dos dois e, junto com a pressão dos familiares e amigos, a personagem começa a refletir sobre suas convicções.
    A tendência literária, que está presente nesta obra, parece demonstrar a tentativa da autora em abordar uma questão fortemente presente na sociedade atual, em que a mulher ganha mais visibilidade, conquista seu espaço e pode trabalhar fora sem precisar depender do marido para sobreviver. Isso a torna realizada sem precisar ter filhos para afirmar seu papel como mulher. Entretanto, o final da obra dá a entender que a personagem principal acabará cedendo aos apelos de uma sociedade ainda muito arraigada aos valores e papeis sociais tradicionalmente convencionados, tanto dos familiares quanto dos amigos, e assumirá, um dia, o papel materno que tanto abominou antes. Isso revela, talvez, uma não aceitação da sociedade, que mesmo estando em processo de mudança e maior aceitação, ainda demonstra valores muito tradicionais diante de uma mulher que decide não ter filhos e que, mesmo assim, pode viver feliz.
    Assim, conforme Benjamim, esta obra inclui qualidade literária por possuir tendência literária, sendo esta última, fruto da função social do autor e refletirá, nas obras, as demandas pertencentes a grupos sociais específicos.

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  10. Sobre os conceitos de Benjamin, aquilo que sutura o lado literário do autor com o do leitor, relacionados com a tendência e qualidade da obra, pode ser descrito em duas únicas palavras: conexão e experiência. Se uma tendência politicamente correta inclui uma tendência literária, o interruptor cada um tem e que qualifica algo como "bom" ou "ruim" se encontra exatamente no espectro da experiência e da vivência, e como o indivíduo se conecta com aquilo. O conceito de Walter pode estar exatamente nesse campo, onde, se, a tendência, a maré, não pode abençoar um elemento como um todo, o que pode? A atitude daquele que deu o começo, meio e fim? A tendência pode colocar José de Alencar como um autor que escreveu obras de qualidade no século XIX então a tendência tem sim a possibilidade de ser a mão que aprova ou não as obras de certa era. Como no livro The Taker, ou Ladrão de Almas no Brasil, da autora Alma Katsu, que conta uma história sobre o preço a se pagar pelo amor, seja a sua mortalidade ou a sua história e legado, algo que foi considerado como algo de qualidade por muitos, um laço, uma conexão, uma ponte para a tendência pode fazer tudo para alavancar a sua história. Se ela não é suficiente para o desempenho da função organizatória, a atitude do autor deveria ser?

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  11. 1) A liberdade do autor escrever o que quiser, é geralmente limitada. O escritor burguês, embora livre para escrever, fatalmente defenderá os interesses da sua classe. Já os escritores progressistas, ficarão ao lado do proletariado e terão de escrever coisas que sejam úteis a essa classe, tornando extremamente difícil uma escrita que seja realmente revolucionária. Ao seguir uma “tendência”, o escritor progressista muitas vezes perde em qualidade da sua obra, ao repetir um discurso estéril, ou seja, que não leva a uma transformação social de fato. Tendência e qualidade são categorias separadas e não sabemos exatamente a relação entre uma e outra. Porém, é possível que determinada obra possua ambas e mesmo assim traga algo novo. Temos como exemplo a obra Ensaio sobre a Cegueira do escritor português José Saramago. Vista sob uma perspectiva política, pode-se comparar a uma sociedade que fica cega pelo fanatismo e pelos mitos e tendo como álibi a sua “cegueira branca”, ou seja, direito democrático de expressar as suas opiniões políticas, aproveita-se para mostrar o lado pior do ser humano. Isso se torna contagiante, visto que vai tomando a sociedade e poucos são os que conseguem continuar enxergando de forma crítica o que está acontecendo, a exemplo da mulher do médico. Embora se trate de mostrar um assunto que é uma tendência, a obra abordou esse tema de forma a mobilizar o leitor, ou seja, com qualidade.

    2) O escritor não apenas produz a obra, mas produz também os meios de produção de obras. Ao escrever uma obra, ele está ensinando outros escritores a escrever. Assim sendo, somente a tendência não é suficiente para produzir uma obra. Benjamin (2012, p. 131) afirma que “A tendência, em si, não basta”. A produção da obra deve despertar a capacidade de colaboração nos leitores, gerar um diálogo que contribuirá para a produção das obras seguintes.

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  12. Qualidade e tendência podem ser observados, no meu ponto de vista, na obra As Vantagens de Ser Invisível de Stephen Chbosky, por falar de um assunto importante a ser tratado, sem “apelar”, sem fazer o que chamamos mais corriqueiramente hoje em dia de ‘romantização’, como ocorre em outras obras em que há certa ‘glamorização’ de problemas parecidos, como o do suicídio em Os treze porquês. Diferentemente da obra de Jay Asher, que trata do abuso infantil de uma forma mais “sutil”, sem tirar a importância de se falar sobre, mas não trazendo como se tivesse uma parte até mesmo “poética” disto.
    As duas obras apresentam uma tendência, correta, podemos dizer. Mas não qualidade. Porém, essa mesma obra pode ter qualidade se analisarmos de outra perspectiva que não a da sua tendência? Benjamin diz: “[...] E já acrescento imediatamente que é essa tendência literária contida implícita ou explicitamente em toda tendência política correta – é ela, e somente ela, que determina a qualidade da obra da obra. [...]” Segundo ele, não. E questiono com o exemplo dado no parágrafo anterior.

    -Kathelen Dutra Goes

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  13. No livro O Bispo Preto do autor S. S. Van Dine, tem uma qualidade literária exposta pelo autor Benjamim, pois o livro é bem escrito, narrado por um dos personagens e envolve o leitor a sua narrativa ao tentar juntamente com seus colegas desvendar o assassinato de um homem, expondo aos leitores as pistas encontradas e os diálogos que eles têm para chegar a uma conclusão. E por ser um livro de investigação a tendência de que o caso seja desvendado é concretizada ao final, mostrando ao leitor, caso acerto ou não o final, que o livro cumpriu com a tendência prevista pelo autor.
    E para que o livro tenha qualidade o autor não pode se perder da tendência em que escreve, seja em qualquer ponto de vista. No caso de o autor não concretizar a tendência, desvendar o crime e descobrir o que o motivou, no caso do livro em que citei, a tendência seria falsa e se perderia a qualidade da obra, pois não se chegaria à proposta do livro.
    Karen Dutra Goes

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  14. Benjamin está certo em dizer que para ter uma boa obra, é necessário ter tendência e qualidade, pois o leitor precisa sentir que há qualidade na obra para a tendência fazer sentido.
    Em "Jogos Vorazes", há tendência por ser uma trilogia (pois é comum na narrativa), o futuro distópico, e em alguns aspectos há tendência e qualidade como na questão crítica social quando o autor consegue despertar isso no leitor, a política pão e circo pois a Capital tem o poder e segrega os grupos deixando eles em distritos.
    Outro fator relevante é o exibicionismo, o fato de os moradores da Capital usarem chapéus e narigões extravagantes reforçam no grupo a questão do "ter", pois quanto mais se exibem, maior se torna o seu valor na sociedade
    Na sociedade de Jogos Vorazes quando as pessoas adquirem alimentos nas lojinhas o número de vezes que o nome vai para o pote de sorteio para participar dos Jogos aumentam, ao relacionar com a política de governo "dar com uma mão e tirar com a outra", ou seja, as pessoas se obrigam a ficarem alienadas em troca de alguns benefícios.
    Ou seja, é possível perceber de forma nítida que a autora obteve tendência e qualidade na sua obra em vários aspectos, pois o leitor lê e consegue se identificar na sociedade em que vive implicitamente, com isso a obra deixa as lacunas (reflexões),e com o comparativo com a nossa sociedade, tendo em vista a nossa política de governo as lacunas se completam.

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  15. Walter Benjamin estava certo quando disse que a tendência e a qualidade de uma obra estão interligadas, pois a qualidade influência diretamente a maneira como uma obra é avaliada, e isso pode afetar como a sua tendência é vista, ambas dessas características demonstram também a capacidade do autor de promover suas visões e pensamentos sobre o tema, um bom escritor é aquele que é capaz de transferir qualquer assunto para o manuscrito de forma fluída e de fácil compreensão, mantendo a qualidade e a tendência da obra.
    Como por exemplo "Divergente", que possui tendência, porém a qualidade acaba a deixando não tão clara e acaba sucumbindo ao panfletarismo, o livro fala sobre um futuro pós apocalíptico onde jovens são forçados a passar um teste de aptidão e então serem inseridos em um setor da sociedade onde irão trabalhar pelo resto de suas vidas, porém a maneira como essa história é contada acaba desviando da crítica social da qual o livro originalmente queria fazer, o foco na personagem principal acaba sendo uma das causas dessa divergência de temas e eventual perda de qualidade. O livro que antes se baseava no fato de como a cidade era dividida em facções e nas injustiças que por lá ocorriam acaba por se perder entre os enredos pessoais, perdendo a tendência na qual o mesmo focava inicialmente.

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  16. Acredito que é muito importante em uma obra literária ter uma tendência política que contribua na obra. Portanto, concordo quando Benjamin afirma “a tendência política correta de uma obra inclui sua qualidade literária porque inclui sua tendência literária”.

    Na obra Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, faz com que “olhamos” a sociedade de outra maneira e de certa forma nos faz temer a própria humanidade frente a uma situação de caos. A partir de uma epidemia inexplicável de cegueira na população Saramago, mostra a desorganização e a superação de valores básicos da sociedade, transformando seus personagens em pessoas egoístas que lutam para sobreviver.

    Nesse livro Saramago faz uma crítica ao sistema governamental quando aborda sobre a epidemia de cegueira na população. Os poucos personagens que conseguem enxergar, percebem a crueldade do capitalismo e não aceitam mais viver dessa forma. Já os cegos transformam-se, virando-se uns contra os outros, acabando por mostrar as faces mais sombrias do ser humano. A cidade vai se transformando num caos da destruição humana, onde cada cego luta pela sua sobrevivência, e se entregam ao desespero que acabam abandonando qualquer traço de humanidade.

    Tendo isso em mente o autor consegue apresentar seu ponto de vista político e isso acrescenta na qualidade da obra, também é importante ressaltar que essa mensagem está implícita no livro. Acredito que a tendência proposta neste livro está correta. Ensaio Sobre a Cegueira foi altamente renomado e o autor ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1998.

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  17. Segundo Walter Benjamin, os conceitos de tendência e qualidade estão interligados. Uma obra valorizada por sua tendência política correta, só é assim conhecida, pela inclusão de sua tendência e qualidade literárias.
    Enquanto a tendência se baseia no posicionamento do autor como produtor de um determinado conteúdo, a qualidade, além de considerar essa ideia, foca também no modo como ela é expressa. Não se trata apenas do que é dito, e sim, de como foi dito.
    Para ilustrar esse argumento, tenho como exemplo dois livros: "As Vantagens de ser invisível", de Stephen Chbosky e "Simon vs. a Agenda Homo Sapiens" de Becky Albertailli.
    Em "As vantagens de ser invisível", acompanhamos a trajetória de Charlie, um estudante do Ensino Médio que tenta superar seus traumas e sair da posição de espectador para alcançar seu lugar como participante ativo dos fatos. O livro aborda diversos temas comuns da adolescência como a depressão, a homossexualidade, e o bullying. É uma obra com uma boa tendência e uma boa qualidade, pois esses temas são mencionados de forma realista pelo protagonista. O autor mostra tudo isso na complexidade psicológica do personagem, nas suas emoções, sem recorrer ao panfletarismo como ocorre em Simon vs. a Agenda Homo Sapiens. Na obra de Becky Albertailli, acompanhamos a rotina de Simon Spier, um garoto de 16 anos que enfrenta dificuldades em assumir sua sexualidade depois de conhecer na internet um outro garoto gay de sua escola, Blue, com quem troca e-mails usando o pseudônimo "Jacques". O livro, assim como o anterior já citado, tem a mesma tendência ao abordar temas do cotidiano, embora tenha defeitos na qualidade. A autora investiu muito na representatividade, mas é tudo relatado superficialmente sem muito trabalho na técnica ao mostrar isso ao leitor. A narrativa é boa, com um posicionamento explícito, mas falta demonstrações do que está sendo contado. O leitor aguarda algum conflito ou reviravolta na trama, mas acaba se decepcionando pela falta de desempenho da autora ao mostrar as reais dificuldades de uma relação homoafetiva.
    A maior diferença entre as obras é que, enquanto As vantagens de ser invisível traz temas polêmicos por meio de um personagem um pouco mais complexo, Simon vs a Agenda Homo Sapiens tem um protagonista plano, deixando que a tendência e os temas abordados pela autora sustentem a história.


    Emerson Oliveira Cardoso

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  18. Tendência e qualidade são dois conceitos apresentados por Walter Benjamin os quais são utilizados como referências para a construção e produção de um texto literário (tido como um texto de "êxito"), sendo fundamentais para sua análise. Tais conceitos estão interligados pois, de acordo com o próprio autor "é essa tendência literária contida implícita ou explicitamente em toda tendência política correta - é ela, e somente ela, que determina a qualidade da obra. É por isso, portanto, que a tendência política correta de uma obra inclui sua qualidade literária - porque inclui sua tendência literária".
    Dito isso, é possível resgatar ambos esses conceitos dentro da obra Maus de Art Spiegelman. Essa obra se apresenta como um romance gráfico a partir de relatos reais de Vladek Spiegelman, pai do autor e judeu, sobre sua vida durante a Segunda Guerra Mundial, passando por diversas fugas até ser capturado e levado a Auschwitz. Art Spiegelman intercala a narração do romance com os relatos do pai e os diálogos que tiveram juntos ao longo da construção da obra, aprofundando a personalidade de cada um, devido as diferentes vivências, e seu relacionamento.
    Apesar de Maus ser um livro primeiramente publicado em 1996, a temática que envolve o ódio, o preconceito e aversão a grupos étnicos, religiosos e sociais ainda é um assunto recorrente na atualidade, percebendo então, a tendência política da obra. Dessa forma, a sua qualidade se apresenta com o desenrolar da trama pois, ao iniciar a leitura tendo em mente que são relatos de um sobrevivente de Auschwitz e conhecendo a história da Segunda Guerra, marcada pela extrema violência e genocídio de milhares de pessoas, esse desenrolar desperta uma curiosidade e emoções no leitor.
    Júlia Horii Bernardino

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  19. Segundo Walter Benjamin tendência e qualidade precisam estar de comum acordo para que uma obra possa ser considerada boa. O que é de extrema importância, uma vez que, não adianta ter a intenção correta ao escrever se peca na qualidade do que é passado ao leitor. Como Benjamin argumenta em seu livro: "por um lado devemos exigir que o autor siga a tendência correta, e por outro lado temos direito de exigir que sua produção seja de boa qualidade" (p. 121).
    Com isso, pude pensar mais a respeito durante a leitura do livro O teorema Katherine de John Green, um livro de ficção escrito em terceira pessoa que conta a história de um garoto chamado Colin Singleton como protagonista, e a criação do seu Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines.
    Considerando a perspectiva de Benjamin sobre tendência e qualidade e aplicando ao livro, pude ver que a intenção de contar a história de um menino prodígio que namorava apenas meninas de nome Katherine, em busca de algo que o fizesse mais importante, como a construção do teorema, no começo me interessou muito por ter um estilo mais intelectual, porém o personagem foi algo que incomodou e deixou a história cansativa. Ou seja, a tendência da história era algo bom e interessante, mas a construção do personagem foi o problema, o jogo de inteligência usado muitas vezes subestima o leitor com relação aos seus conhecimentos gerais, contém várias frases em outras línguas e muitas notas de rodapé, é um personagem plano, pobre e repetitivo frisando as partes que fala em se tornar um gênio ou ser lembrado por algo importante, passagens como estas se repetem muito - ‘’Colin Singleton, célebre menino prodígio, célebre veterano de Conflitos Katherínicos, célebre nerd e sitzpinkler, não era importante para a Katherine XIX, e não era importante para o mundo.’’ (p.13). Também previsível e que mesmo ao final da narrativa não apresenta nenhuma mudança marcante, é um personagem egocêntrico assim como apontado no próprio livro em algumas falas: ‘’E você é um babaca tão egocêntrico que não consegue nem por um fugging segundo perceber que minha vida não gira em torno da estrela Colin Singleton.’’ (p. 117).
    A sua tendência foi boa, mas no caso desse livro, sua falha foi na qualidade da criação de seu personagem.

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  20. Compreendo que o autor do livro pretendeu transmitir ao seus leitores a importância da crítica literária em relação a dois fatores tendência e qualidade inseridas numa determinada obra, pois os autores nem sempre irão reproduzir textos com a qualidade, mas que no momento da escrita estas publicações somente exerciam influência sobre determinadas concepções; para que haja qualidade o autor deverá ter a incumbência de ser útil e verdadeiro em seu ponto de vista sem carecer a ideologias insignes, o literato deverá ser verossímil e ter o papel de se inserir em outras realidades e lutas.
    Janaína de Oliveira Pereira

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  21. Segundo o crítico Walter Benjamin, “a tendência de uma obra literária só pode ser correta do ponto de vista político quando for também correta do ponto de vista literário”, ou seja, a tendência literária é o que vai nortear a qualidade de uma obra. Nesse contexto, a definição tendência e qualidade estão diretamente relacionados.O romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert,Obra de 1857, narra a trajetória de Emma, personagem central que se caracteriza por ser uma sonhadora,uma mulher que desejava ter uma vida com muito brilho,ter muitos amantes (conforme lia nos romances).Ela casa-se com um jovem médico, visualizando no casamento com o jovem médico Charles a forma de realizar os sonhos e tudo o mais que vivenciou nos romances. Já na lua-de-mel ela se angustia, pois percebe que a felicidade-modelo que ela leu nos livros não vem.Entediada, passa então a trair o marido com o firme propósito de encontrar seu “grande amor”. Nesse sentido, Emma rompe com os padrões da época e com a ordem burguesa e moral, ele representa uma personagem adúltera, num ambiente totalmente provinciano.Por fim, diante da ruína e da impossibilidade de se inspirar na literatura para se salvar, Emma consegue um pote de arsênico numa farmácia e resolve acabar com sua vida.Resolvi trazer essa obra como exemplo, porque a considero brilhante, pois o autor apresenta uma personagem com uma tendência romântica,que não consegue alcançar seu objetivo, reforçando a ideia de submissão que a mulher representava naquela época.

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  22. É fundamentalmente um erro relacionar a tendência de uma obra com sua qualidade pois no que toca á leitura é uma costumeira falha do racional humano o desleixo para com obras em que não há uma clara identificação na leitura, perde-se a capacidade de avaliação por mero gosto. É de uma presunção exacerbada esperar qualquer verdade de um escritor, seja ficção ou a mais transparente biografia, não é na sinceridade que descansa a realidade e sim em tudo que não se pode retratar.
    O oportunismo no campo literário contribui para a queda por terra da relação entre tendência e qualidade, obras como a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James, seguem uma tendência literaria muito prezada por leitores ao redor do mundo e ainda assim se mantém abaixo de um mínimo de qualidade literária canônica.

    Gabriel Pereira

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  23. Segundo Walter Benjamin, para uma obra ter seu devido valor, tendência e qualidade devem andar juntas. Concordo perfeitamente, pois se a tendência, intenção, do autor for uma e ela não se desenvolver com qualidade, pode não ser prestigiada da melhor maneira. Ao falar destes conceitos, remete-me também os de forma conteúdo, para mim, pode ter algo em comum. Uma obra que traz tendência-qualidade é "Garotas de Vidro" de Laurie Halse Anderson. A obra aborta o tema de não aceitação do corpo, que leva as amigas Lia e Cassie a desenvolverem um distúrbio alimentar por conta de uma aposta; Cassie morre, sua amiga Lia luta dia a dia com seu corpo. A autora poderia não ter escrito seguindo a tendência de relatar distúrbios alimentares da forma "tradicional", porém faz isso, com qualidade. Soube explorá-lo da melhor forma, fazendo o leitor se envolver e sentir a dor de Lia; tanto que para ler a obra, é importante que estejamos com a saúde mental em boa qualidade, visando que pode ser um gatilho para quem já sofreu com esses problemas e depressão.

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  24. Para Benjamin essas seriam as funções do autor, de orientar e instruir a sociedade, não simplesmente fazer uma obra que seja boa, ou bonita, mas que também tenha uma mensagem do qual nós possamos refletir.
    No autor como produtor Benjamin parte do princípio de que seguir uma tendência significa fazer uma opção. O escritor progressista, tendo por base a luta de classes, seria aquele que orienta sua atividade de acordo com o que for “útil para o proletariado.” Essa afirmação não garante imunidade à autonomia. Pelo contrário, a compromete seriamente. Isto é verdade enquanto a autonomia for pensada, conforme afirma Benjamin, como liberdade de escrever o que quiser. Por isso trago como exemplo o livro “Madame Bovary” a sonhadora personagem de Flaubert que não ficou restrita ao âmbito da ficção. A força do padrão gerou o termo bovarismo, usado para descrever a tendência que certos indivíduos apresentam de fugir da realidade e imaginar para si uma personalidade e condições de vida que não possuem
    Contudo, Benjamin não se limita a um conceito de tendência baseado nesta relação entre a autonomia e tendência política. Ao definir a relação entre tendência e qualidade, Benjamin apresenta a seguinte tese: “uma obra caracterizada pela tendência justa deve ter necessariamente todas as outras qualidades.” Porém, acrescenta que a tendência política correta inclui a tendência literária correta. Com isso, Benjamin vincula política e literatura ampliando o leque de ambas.
    Benjamin estabelece uma relação necessária entre tendência política, tendência literária e qualidade, e formula essa relação concluindo que “a tendência política correta inclui sua qualidade literária, porque inclui sua tendência literária.” A qualidade não depende mais do conteúdo. E mais, Benjamin acena que a qualidade central de uma obra é sempre literária. A relação entre forma e conteúdo perde sua força porque a qualidade literária é inseparável da técnica de produção literária, por isso a tendência literária assume um posto de destaque. Se antes a tendência literária poderia ser pensada em termos de forma, agora, com o aparecimento da reprodução técnica, se vê a origem da tendência literária como possibilidade técnica de produção.
    Benjamin acredita elevar a técnica como um conceito que permite definir de modo mais exato a relação entre tendência e qualidade. Perguntar como uma obra se coloca dentro das relações de produção remete imediatamente a técnica literária de uma obra.

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  25. Tendência e qualidade no ponto de vista do autor Benjamin tem a ver com a forma que se desenvolve o tema no livro, ou seja, um autor pode falar muito bem sobre o assunto abordado, porém o jeito com que aborda não é tão bom.
    Um exemplo é como a autora Erika L. James desenvolve o assunto sobre BDSM no livro “Cinquenta Tons de Cinza”. As cenas eróticas que são descritas no livro são muito bem detalhadas. Porém a autora peca no desenvolvimento das personagens Anastasia e Cristian. Por mais que ela apresente os motivos do fascínio de Cristian pela forma de vida dominante ainda não chega a fazer uma conexão profunda o suficiente com o leitor para entendermos realmente a personagem.

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  26. É correto afirmar que a tendência e qualidade se correlacionam, sabemos que a tendência atualmente vai depender do que está na moda na escrita, quais livros deram certo e quais bebem na fonte de outros livros que obtiveram qualidade.
    Gostaria de citar: “O Poder” de Naomi Alderman, que se passa em um mundo em que meninas desenvolvem o poder de eletrocutar pessoas, as mais jovens conseguem despertar esse poder em mulheres mais velhas, pois as jovens já nascem com esse “superpoder”, e ao longo da história mostra como se desenvolve esse poder, e o controle que conquistam sobre o mundo. È importante lembrar que essa obra é dedicada a Margaret Atwood, autora de O Conto da Aia.
    A autora usa da ironia para descrever as mudanças desse mundo que está começando a surgir, a história começa em uma troca de e-mails entre duas pessoas, um homem e uma mulher, Neil e Naomi, ele é um historiador e envia o manuscrito de sua nova obra, ela fica intrigada com a aparição de soldados masculinos e “gangues de meninos” então, começa a história desde o momento em que os poderes manifestam-se ao ápice do “poder feminino”, quando é tomado controle de grande parte do mundo. Ao final há volta a troca de e-mails, ali fica explícito que os dois vivem no mundo no futuro dos fatos que ocorreram na história do livro.
    È interessante pensar que o livro está na tendência de livros que mostram mulheres como personagens principais, deixando de serem as antagonistas e se tornando protagonista - o empoderamento feminino na literatura - porém é fascinante o que a autora faz nesse livro, ela inverte os papéis de feminino/masculino, ao final do livro quando há a troca de e-mails Naomi fala como nesta realidade em que eles vivem “como um mundo governado por homens seria mais bondoso, mais gentil e mais amoroso e carinhoso, pois as mulheres se tornaram agressivas e violentas”, após anos sendo subjugadas, quando finalmente tem o poder, mesmo que seja algo mágico, podem finalmente podem controlar alguma coisa, podem se vingar dos anos que sofreram, um caso de violência gera violência.
    Creio que existe qualidade nessa obra, pois nos leva a pensar o absurdo, como há no texto de Benjamin: “A tendência é uma condição necessária, mas não suficiente, para o desempenho da função organizatória da obra. Esta exige, além disso, um comportamento prescritivo, pedagógico, por parte do escritor.” Para mim, se há algo pedagógico que podemos tirar de uma obra ela é por si de boa qualidade.

    Brenda da Silva Naparo

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