terça-feira, 10 de novembro de 2020

Cidades de medo – violência, morte e degradação no abandono urbano das periferias

As discussões continuam com base nas obras de Ferrèz, Roberto Saviano e Paulo Lins. A violência naturalizada pela desigualdade nas grandes cidades e o conflito social permeado pelo trânsito de personagens que se confundem com pessoais "reais" é o mote de reflexão que pretendemos desenvolver a partir dessas narrativas.

 

Capão pecado - Ferrèz

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https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182013000100006

 

Os meninos de Nápoles - Roberto Saviano

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https://www.revistabula.com/12243-jurado-de-morte-roberto-saviano-lanca-novo-livro-e-afirma-que-italia-e-um-pais-cruel/

 

Cidade de Deus - Paulo Lins

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Cidade de Deus 

Lugar de preto? A política de remoções das favelas e a representação do  negro no longa-metragem Cidade de Deus

 

4 comentários:

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  3. Saudações, professores! Desde já agradeço pela resolução de minhas dúvidas anteriores, pelo material disponibilizado e pela discussão feita até então. Está sendo um mega curso!

    Espero não ocupar muito tempo no início da próxima aula com minhas colocações, reflexões e dúvidas abaixo:

    1. Gostaria de comentar a respeito da questão concernente à presença do estereótipo em ‘Cidade de Deus’, de Paulo Lins. Não sei se entendi bem, mas ficou subentendido que Paulo Lins reproduz e reforça esses estereótipos, ou não? Nunca havia pensado nessa presença do estereótipo do negro em ‘Cidade de Deus’. No entanto, acredito que a presença desse estereótipo não se estabelece como reprodução, mas sim como crítica.

    Exemplo: O estereótipo do negro que consta em ‘O cortiço’, de Aluísio Azevedo, trabalha no sentido mais de reproduzir e reforçar o imaginário estigmatizado do negro. A construção estereotipada de Rita Baiana, Firmo e Bertoleza, nesse sentido, reproduz e reforça o estereótipo de maneira não-crítica, descontextualizada e depreciadora. Assim acontece com a Tia Nastácia, personagem do ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’, de Monteiro Lobato. Ocorre isso também com ‘Vítimas Algozes’, de J. Manuel de Macedo. Nessas obras, seja pelo contexto histórico, formação ou inclinação ideológica, os autores reproduzem o estereótipo do negro de maneira a-crítica, estigmatizada e pejorativa.

    Em Paulo Lins, no entanto, acontece o contrário. A presença do estereótipo do negro que consta em ‘Cidade de Deus’ não é reproduzida nem reforçada, mas sim criticada.

    O *estereótipo enquanto reprodução* é diferente do *estereótipo enquanto crítica*.

    O estereótipo enquanto crítica se funda em construções estereotipadas para questionar e problematizar a presença dessas imagens engessadas. Em ‘Cidade de Deus’, me parece que a presença desse estereótipo se estabelece de maneira contextualizada, numa perspectiva crítico-social. O estereótipo do ‘negro bandido’, do ‘negro como objeto sexual’ ou do ‘negro como mão de obra escrava’ se estabelece não pelo viés naturalista, que entende essas identidades como naturais, deterministas, mas sim pelo viés crítico, histórico e social, mesmo que esses elementos não estejam explícitos no texto.

    Menciono um trecho lido durante a aula, no qual a personagem do livro comenta a respeito do valor de um negro super ativo sexualmente, e de pau grande etc. A menção a esse estereótipo não acontece no campo da reprodução naturalizante, mas da reprodução crítica. Nesse trecho, Paulo Lins endossa que a comunidade negra, mesmo possuindo sua própria cultura e modos de vida, não se furta dos estereótipos sociais amplos.

    A presença desses estereótipos é consciente na narrativa, pois o autor incorpora essas imagens no texto como forma de demonstrar o imaginário e a construção cultural e social dessas comunidades pobres que, apesar de possuírem sua própria cultura, ainda compartilham e reproduzem os preconceitos sociais mais amplos. São produtos de um contexto maior, que os traga para destinos trágicos.

    É nessa diferença, entre estereótipo enquanto reprodução e estereótipo enquanto crítica, que pergunto: Na sua concepção, em que campo Paulo Lins está mais afeito? Estereótipo-reprodução ou estereótipo-crítica? Não sei, talvez eu tenha deixado de entender algo mais. Cabe minha releitura da obra, talvez.

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  4. 2. Durante a aula, pensei que haveria algum comentário a respeito daquilo que se entende por ‘Literatura Marginal’ ou ‘Literatura Periférica’. Essas designações são já ultrapassadas? Há quem discorde entre os termos ‘Literatura Marginal’ e ‘Literatura Periférica’. Para muitos, denominar a produção literária que se faz na favela como ‘Literatura Marginal’ ou ‘Periférica’ atua mais para depreciar essa literatura do que para valorizá-la.

    O escritor Sacolinha, por exemplo, que até hoje é enquadrado no bojo da ‘Literatura Marginal’, se recusa a ser visto como escritor marginal. Para ele, essa alcunha, essa denominação, é depreciativa e carrega um estigma pesado, indesejável para ele. Sacolinha quer ser visto como escritor apenas, e não como escritor da ‘Literatura Marginal’.

    Sérgio Vaz, outro escritor enquadrado nessa literatura, acredita que o termo marginal é válido e atua mais para legitimar a produção literária que se faz na favela do que depreciá-la. Para Vaz, ser visto como escritor marginal que faz literatura marginal é algo para se orgulhar, pois legitima sua atuação social e literária. Entre os pesquisadores da área, são muitos os que consideram o termo ‘marginal’ ultrapassado, optando pelo termo ‘periférico’ como mais adequado.

    José Tonani do Patrocínio, pelo que sei até o momento, tem preferido ambos, utilizando, por vezes, o termo ‘Literatura Marginal-Periférica’. Para você, denominar esses autores e essas obras como marginais ou periféricas contribui mais para estigmatiza-los ou legitimá-los? Penso que é importante fundar um espaço de diálogo por onde essas identidades sejam reconhecidas e ouvidas. Então acho que esses termos são legitimadores, não pejorativos.

    3. Me foi bastante instrutivo sua abordagem sobre repressão policial em seu artigo. Gostaria de pedir indicações e recomendações de leituras teóricas sobre violência policial. Fico muito grato!

    4. Tentei acessar o livro “Sexualidades e identidades culturais”, mas não consegui. Parece que o link não está mais disponível. Gostaria de saber onde posso encontra-lo para download.

    Muito grato!

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