terça-feira, 21 de janeiro de 2014

New Historicism

Mapa de 1504 - o primeiro a mostrar o Novo Mundo

"Ora, é óbvio que esta fusão da consciência mítica e da história ofenderá alguns historiadores e perturbará aqueles teóricos literários cuja concepção de literatura pressupõe uma oposição radical da história à ficção ou do fato à fantasia." (WHITE, Hayden. Trópicos do discurso. 2. ed. São Paulo: Editora USP, 2001. p. 98).
Comente uma possível perturbação dessa forma de perceber a relação entre literatura e história presente na reflexão de Hayden White, citando elementos presentes no capítulo 3 (O texto histórico como artefato literário) da obra citada.

53 comentários:

  1. NEW HISTORICISM

    A abordagem proposta por Hayden White na sua teoria do "Texto Histórico como Artefato Literário", de fato, incomoda a Academia "ortodoxa" da História.

    Roland Barthes deu os primeiros passos na teoria: "tudo é discurso". White fortalece esta concepção argumentando que a História, assim como a Literatura, precisa de narrativas para ser legitimada. Ou seja, a História só pode ser acessada por meio de narrativas (inclusive o consciente mítico só é reproduzido por meio de discursos, apesar de já fazer parte de uma intríseca estrutura arquetípica da sociedade).

    O ápice da teoria está em plena harmonia com o Desconstrutivismo alevancado por Derrida. Segundo White, o passado não existe mais, logo ele não pode ser recuperado fielmente ao que de fato ocorreu na História. Não se evita, assim, que haja muitas, ou até mesmo inúmeras, versões do mesmo fato histórico. Os fatos só têm valor linguístico, pois tudo é discurso. Portanto, é impossível descobrir o que realmente aconteceu no passado.

    A teoria do "Artefato Literário" defende que a História e o fato histórico, considerados intocáveis munidos de inquestionável veracidade antes deste moderno conceito desconcertante, perdem espaço à verossimilhança do discurso. A fronteira entre "ficção" e "fato" se desintegra efetivamente. Aliás, os textos históricos, assim como os textos literários, não apresentam nenhuma proximidade de textos de cunho científico.

    A narrativa histórica serve de mediadora e documentos históricos não são menos opacos que documentos literários, segundo teoria de White.

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    1. Em contrapartida, vale a pena salientar que, embora esta concepção tenha tomado forte respaldo na Academia, os fatos históricos já fazem parte do mundo extralinguístico tanto dos historiadores quanto dos literários.

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  2. Para White, apesar do escândalo entre os historiadores, o discurso histórico não se opõe radicalmente ao discurso mítico, pois o próprio discurso do historiador é formado por diferentes tipos de mitos históricos: como românticos, trágicos, irônicos.
    "modelos de fatos, mas “as narrativas históricas são não apenas modelos de acontecimentos e processos passados, mas também afirmações metafóricas que sugerem uma relação de similitude entre esses acontecimentos e processos e os tipos de estória que convencionalmente utilizamos para conferir aos acontecimentos de nossas vidas significados culturalmente sancionados”

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  3. A função social da oralidade não é apenas a do registro ou da reprodução dos acontecimentos do passado, mas também a de representa-la. Uma historia transmitida pela oralidade, modifica-se, em parte, quando repassada de geração em geração. Isso se deve ao fato de que cada geração usará uma linguagem diferente e terão também diferentes interpretações dos fatos, e dependendo disso assim será repassada a história aos outros membros.

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  4. Alguns historiadores pensam que, fato não pode ser misturado com fantasia ou realidade com irrealidade, acredito que é justamente neste ponto que, esta negação da relação entre literatura e história acontece, pois o próprio White coloca que:

    “A distinção mais antiga entre ficção e história, na qual a ficção é concebida como a representação do imaginável e a história como a representação do verdadeiro, deve dar lugar ao reconhecimento de que só podemos conhecer o real comparando-o ou equiparando- o ao imaginável” (WHITE 1994. p.115)

    Ou seja, o historiador se faz de elementos literário para poder construir sua narrativa, talvez o único elemento que pode diferenciar uma narrativa histórica de uma literária é que o historiador ao narrar o fato, além de elementos literários, deve utilizar a linguagem habitual culta, como White menciona. Literatura e história estão completamente relacionadas, não apenas pelos elementos literários, mas também se pensarmos em literatura e sociedade, só como exemplo, o escritor literário ao criar sua narrativa acaba se apropriando da realidade para tal. Desta forma tanto a literatura esta relacionada com a história, quanto a história esta relacionada com a literatura. E completando a ideia de que a perturbação de perceber a relação de literatura e história é por parte do historiador, cito ainda um exemplo de Lévi-Strauss, o qual White menciona:

    “o espanto que um visitante de outro planeta se defrontasse com milhares de histórias escrita sobre a Revolução Francesa. Pois nessas obras os autores nem sempre fazem uso dos mesmos incidentes; quando o fazem, os incidentes são sob luzes diferentes. E, no entanto, estas são variações relacionadas com o mesmo país, o mesmo período e os mesmos acontecimentos – acontecimentos cuja realidade se dispersa por cada nível de uma estrutura multiestratificada”.” (WHITE 1994. p. 107)

    Isto é, cada historiador tem seu modo de narrar o mesmo fato, utilizando-se dos mesmos elementos, que a literatura os proporciona.

    Referências:

    WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: _____. Trópicos do discurso. Tradução: Alípio Corrêa de Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994. [pp. 97-116]

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  5. A literatura e a história se complementam, pois quando produzimos literatura utilizamos fatos verídicos e ficcionais para sustentar a obra juntamente com o contexto histórico.Já a narrativa histórica se apropria da literatura utilizando esquemas e estruturas ficcionais para contar o real, dando aspecto formal ao texto.

    Flamarion Silveira

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  6. Literatura e história estão relacionados, é claro que para todos isso não pode ver uma afirmação verdadeira. Pensando nisso, assim como diz o texto citado, muitos podem ficar incomodados. No entanto pensar na literatura e na história, e ainda, interligar tais fatos ficcionais (embora não seja de todo ficcional) e fatos verídicos é possível.
    É evidente que o modo de contar uma história, a linguagem utilizada será diferente de acordo com o propósito do escritor (aqui histórico ou literário), mas mesmo assim, podemos amparar conceitos e fatos e beber das dua fontes.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Historia e Literatura são partes que se completam ,e que dão mais sentido a obra.
    Se lermos certa obra sem o conhecimento historico da época em que ela se passa,não vamos entende-la. Porém...varias obras nos dão margem para uma leitura sem o uso do contexto histórico,onde este não importa.Cabe ao leitor fazer o uso desta alternativa,ou não.Segundo Stephen Greenblatt a produção poética esta presa ao discurso coletivo,restaurando a historicidade do texto e postulando a textualidade da história.

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  10. A história é uma narração de fatos que tiveram relevância para a humanidade, porém está mais próxima da literatura do que das ciências. Um dos motivos seria o caráter tendencioso do historiador adepto de uma ou outra vertente. Por exemplo, se o historiador é de direita e vai contar fatos sobre a ditadura militar no Brasil do século passado, este formulará um discurso para dar razão aos militares, enquanto que um historiador de esquerda daria razão aos revolucionários. Ou seja, neste exemplo, conta a vertente política do historiador, que organizará o discurso conforme sua ideologia, lançando mão de figuras de linguagens e outros estratagemas para enriquecer seu relato. Neste ponto, o que é mito e o que é ficção estão divididos por uma linha muito maleável, que se molda conforme o contexto e os objetivos do historiador.
    Duas partes do texto do White que confirmam a explicação acima são:
    “Mas de um modo geral houve uma relutância em considerar as narrativas históricas como aquilo que elas manifestamente são: ficções verbais cujos conteúdos são tanto inventados quanto descobertos e cujas formas têm mais em comum com os seus equivalentes na literatura do que com os seus correspondentes nas ciências.” (White, p.98)

    “Pois na história o que é trágico de uma perspectiva é cômico de outra, exatamente da mesma forma que na sociedade o que parece ser trágico do ponto de vista de uma classe pode ser, como Marx pretendeu demonstrar com O 18 Brumário de Luís Bonaparte, apenas uma farsa do ponto de vista de outra classe.” (White, p. 101)

    WHITE, Hayden. Trópicos do discurso. 2. ed. São Paulo: Editora USP, 2001.

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  11. A discussão entre historiadores e críticos literários é contínua, enquanto uns defendem que a história é ciência e alheia à literatura, por outro lado existe o posicionamento de que uma depende da outra. Acredita-se que o interesse por verbas para pesquisas é o que ainda mantém muito rígido esse posicionamento de separação.
    O autor afirma com propriedade que a história faz parte da literatura e que sempre existe um fundo do imaginável ao conceber o real,conforme no tercho seguinte: “A distinção mais antiga entre ficção e história, na qual a ficção é concebida como a representação do imaginável e a história como a representação do verdadeiro, deve dar lugar ao reconhecimento de que só podemos conhecer o real comparando-o ou equiparando-se ao imaginável.”(WHITE 1994. p.115)
    Referências:

    WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: _____. Trópicos do discurso. Tradução: Alípio Corrêa de Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994.


    Maristela Cardoso da Rosa

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  12. A história que se conhece é a história dos vencedores. Em alguns acontecimentos históricos coube a literatura dar voz a quem os historiadores deixaram de lado. A história da colonização portuguesa e espanhola que ocorreu na América Latina é contada apenas pelos colonizadores, não há um registro Inca ou Maia que relate este acontecimento. Em outros casos, não livros históricos para narrar determinados fatos, restando apenas livros literários, como no caso de Ilíadas de Homero, não há outros livros contem a guerra de Troia.

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  13. Para alguns teóricos, literatura é oposição radical entre história e ficção, fatos x fantasia. O ideal para escrita histórica desde os gregos pressupõe uma oposição entre mito e história,algo problemático e venerável.

    " ...o historiador era sobretudo um contador de estórias,... a sensibilidade histórica se manifestava na capacidade de criar uma estória plausível a partir de uma congérie de "fatos" ..."

    " Os historiadores talvez não gostem de pensar que suas obras são traduções do fato em ficções; mas este é um dos efeitos de sua obra. Ao sugerir enredos alternativos de uma dada sequência de eventos históricos, os historiadores fornecem aos eventos históricos todos os possíveis significados de que a arte da literatura da sua cultura é capaz de dotá-los."

    Os acontecimentos históricos podem ser contados de diferentes formas, de inúmeras maneiras e, com isso, o leitor interpretará e dará sentidos pessoais aos fatos contados.
    Tomemos como exemplo o citado no texto discutido em aula, Michelet e Tocqueville contaram história da Revolução Francesa de maneiras distintas; um construiu a história no modo de um drama de transcendência romântica e o outro contou na forma de uma tragédia irônica. Cada autor escreve para um determinado público, considerando fatores culturais e sociais. O historiador torna familiar o não-familiar, traz ao conhecimento do leitor fatos não vividos por ele, fatos distantes do tempo, no espaço e no modo de vida. Para isso ele usa de uma estrutura de enredo que seja familiar aos seus leitores, levando-os a não só conhecer os fatos mas também entendê-los.

    O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo é a história da revolução farroupilha contada sob forma de romance e assim como esta muitas outras obras contam histórias, fatos 'reais' e usam de outras formas de enredo, tais como tragédia, comédia, sátira, epopéia ou outras.

    " O instrumento característico de codificação, comunicação e intercâmbio de que o historiador dispõe é a linguagem culta habitual. Isso quer dizer que os únicos instrumentos que ele tem para dar sentido aos seus dados, tornar familiar o estranho e tornar compreensível o passado misterioso são as técnicas de linguagem figurativa."

    "...escrever uma história significa colocar um evento dentro de um contexto, relacionando-o como uma parte a algum todo concebível." HARTMAN, Geoffrey.

    "Na realidade, a história ...adquire sentido da mesma forma que o poeta ou romancista tentam provê-lo de sentido, isto é, conferindo ao que originariamente se afigura problemático e obscuro o aspecto de uma forma reconhecível, porque familiar. Não importa se o mundo é concebido como real ou apenas imaginado: a maneira de dar-lhe um sentido é a mesma."

    TODA LITERATURA É HISTÓRIA E TODA HISTÓRIA É LITERATURA. História e literatura são diferentes narrativas sobre uma estória, experiência ou fato, ambas contas hi-estórias, algumas com o testemunho da experiência humana outras somente com a criatividade do autor.


    Bibliografia:

    WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: ___. Trópicos do discurso. Tradução: Alípio Corrêa de Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994.

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  14. Para o New Historicism, Literatura e História não são coisas opostas, pelo contrário, ambas caminham juntas. Seguir esta linha teórica é acreditar que o contexto histórico é influência indispensável na produção de uma obra literária. Neste sentido, para Gomes e Oliveira (2012): "a literatura aparece não apenas como objeto estético passível de análises voltadas simplesmente para o uso poético da palavra ou para a abordagem de determinados temas em determinados momentos; a literatura é vista como parte do processo, como criada em um momento histórico, em condições específicas que determinam o conteúdo da obra literária. A literatura é aqui pensada como uma possibilidade de contar a história."

    Referência:
    GOMES, M. L., OLIVEIRA, M. R. B. História e Literatura. Pág. 04. Disponível em: http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/view/3757/1266 Acessado em 26/01/2014 às 22h30min.

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  15. New historicism
    A literatura e a história andam juntas desde que o mundo é mundo, embora hajam teorias em separado para uma e para outra, em hora ou outra elas se encontram e jamais se contradizem. Mas como diz no texto “ O texto histórico como artefato literário” há um problema que nem os filósofos e nem os historiadores encararam com seriedade e ao qual só os teóricos da literatura deram uma atenção. Essa atenção a acontecimentos históricos momentâneos, considerados apenas como um artefato verbal, apenas uma narração de um fato ocorrido e portanto não- sujeitos a serem controlados. Toda obra literária tem um aspecto ficcional e temático mas não foge à abordagem verídica da história, um exemplo bem banal desses trechos do texto que foram destacados é a relevância histórica e literária da inconfidência mineira, onde o líder heroico foi Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier), sendo que narrado pelo ponto vista histórico ele foi o mais importante e destacado nos livros de história, porem a literatura destaca mais alguns como Thomas Antonio Gonzaga autor do livro de poemas mais estudado nas aulas de literatura “Marilia de Dirceu”, este escreveu seus poemas no exílio. Daí vemos uma diferença entre a literatura e a história, embora elas Andes juntas, contam fatos separadas.
    Bibliografia: WHITE, Haiden. Trópicos do discurso, o texto como artefato literário.

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  16. "No céu brilhante do poente em fogo
    Com auréola ardente o sol dormia" (Álvares de Azevedo)

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  17. Para White, “houve uma relutância em considerar a narrativas históricas como aquilo que elas realmente são: ficções verbais cujos conteúdos são tanto inventados quanto descobertos e cujas formas têm mais em comum com os seus equivalentes na literatura do que com os seus correspondentes nas ciências.” Para ele, apesar das "desavenças" entre os historiadores, o discurso histórico não se opõe efetivamente ao discurso mítico. Ele compreende que o próprio discurso do historiador é formado por diferentes tipos de mitos históricos. Não tem como apartar literatura e história.

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  18. A grande conflito que eles enfrentam é o de não poder separar literatura de história. As duas tratam de ficção e estão unidas. A literatura precisa da história pra se desenvolver e ter consistência.

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  19. Tradicionalmente a história baseia-se em fatos e documentos, nega a possibilidade de construção de juízos de valor por parte do pesquisador e, ainda, caracteriza-se pela veneração do passado, o que seria o Historicismo.
    Opondo-se a isso surge o conceito de Novo Historicismo, segundo o qual se torna possível rever, reler, repensar a história de modo crítico e questionador, o que é feito, de certa forma, pelas obras literárias que abordam fatos históricos. Pensar conforme o Novo Historicismo implica pensar a literatura como parte integrante da história, ou, ainda, em alguns casos, como o contra-discurso da história oficial.
    White afirma que a história tornou-se muito restritiva do ponto de vista metodológico, diferenciando exaustivamente fato e ficção e considerando as obras de ficção como um gênero menor. Para White a divisão entre fato e ficção não seria plausível, pois, o fato do passado, não deixa de ser recriado na escrita.
    O pensamento difundido pelo Novo Historicismo, nesse sentido, aproxima história e literatura, desmitificando a figura do historiador como cientista ao passo que o caracteriza como um narrador.
    Dessa perspectiva, a literatura aparece não apenas como objeto estético passível de análises voltadas simplesmente para o uso poético da palavra ou para a abordagem de determinados temas em determinados momentos; a literatura é vista como parte do processo, como criada em um momento histórico, em condições específicas que determinam o conteúdo da obra literária. A literatura é aqui pensada como uma possibilidade de contar a história.
    O novo historicismo desconstrói o caráter hegemônico e científico da história dita oficial ao passo que propõe que esta também é produzida por homens e mulheres, portanto, suscetível a desfiguramentos e silêncios; ao quebrar tal concepção, aproximam-se história e literatura.

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  20. Literatura e história são campos interligados, visto que, para a compreensão de uma obra literária, é muito importante que saibamos em que contexto histórico ela se passa. Mas isso não é claro para todos que, como diz o texto citado, ficam incomodados.
    Porém, fazer a ligação entre literatura é história é completamente possível e, muitas vezes, essencial para a compreensão do texto literário.
    Obviamente, a forma como se conta a história em livros de literatura e livros de história é diferente, mas podemos aprender muito sobre a história de um país ou de uma época em obras literárias.

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  21. "O mesmo conjunto de eventos pode servir como componentes de uma estória que é trágica ou cômica, conforme o caso, dependendo da escolha, por parte do historiador, da estrutura de enredo que lhe parece mais apropriada para ordenar os eventos desse tipo de modo a transformá-los numa estória inteligível" (WHITE, Hayden. Trópicos do discurso. 2. ed. São Paulo: Editora USP, 2001. p. 101).

    A tarefa do historiador não é a de escrever a história. Aos historiadores cabe o árduo ofício de elaborar uma versão dos fatos a partir das fontes disponíveis. Com o advento da Nova História Cultural esses fatos passaram a ser recontados a partir de fontes diversas como fotografias, objetos, publicidade, jornais, revistas e até mesmo relatos orais de testemunhas de determinado fato histórico. Decretou-se o fim da história exclusiva dos grandes fatos e figuras históricas e o início do espaço para os anônimos, personagens que ajudaram a atender o contexto social, religioso e político de suas épocas, como o moleiro Menocchio de “O queijo e os vermes” do historiador italiano Carlo Ginzburg.

    A forma como Ginzburg reconstruiu a trajetória de Menocchio, seus modos de ser e de pensar a partir dos autos do julgamento da Inquisição aproximam a narrativa histórica proposta pelo autor de uma narrativa literária. Nesse sentido, temos no Brasil as obras do jornalista Laurentino Gomes 1808,1822 e 1889. A trilogia aborda importantes fatos da história nacional que foram romanceados pelo autor numa narrativa leve, que transita entre o cômico e o trágico, conforme coloca White.

    Em seu ensaio “Paris, 1647: um diálogo sobre ficção e história” Carlo Ginzburg propõe uma inversão, a reconstrução da história dos costumes de uma sociedade a partir das obras literárias, citando como exemplo o romance medieval Lancelot du Lac. De fato, há trabalhos acadêmicos na área da história que se utilizam de obras literárias como fontes históricas que possibilitam o contato com costumes e ideias da época recriada pelo autor em seu romance. Dessa forma, é possível afirmar que os caminhos da História e da Literatura se cruzam em duas vias, chegando a confundir-se em certos aspectos.

    Obras consultadas:
    GINZBURG, Carlo. Paris, 1647: um diálogo sobre ficção e história IN O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

    __________________ O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

    Vivian Anghinoni Cardoso Corrêa

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  22. Relação entre História e Literatura, através delas são narradas histórias reais e/ou ficcionais. Hà uma proximidade entre as duas; a história é contada através da literatura e a literatura precisa da história para subsistir. Além disso, nelas contém marcas de um tempo e lugar que são fundamentais na compreensão de um texto literário.

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  23. A contribuição da literatura no campo da História vem sido discutida há longo tempo por profissionais das duas áreas. Para alguns, uma obra de cunho ficcional pouco tem a oferecer à análise de acontecimentos já sucedidos, enquanto outros defendem que a partir de um romance, podemos entender como funcionava o pensamento da época em que este foi escrito. Dessa forma, é plausível dizer que a partir das palavras de um e autor, podemos identificar sua ideologia e preconceitos, assim como os da sociedade da qual ele faz parte. Essa afirmação estabelece uma ligação íntima com os novos conceitos trabalhados pelo campo da História das mentalidades e da História cultural, que têm sido ampliados de forma a abranger temáticas das mais diversificadas, como, por exemplo, um estudo sobre a sexualidade ou a vida privada, duas vertentes muito utilizadas por romancistas.Todavia, no caso dos romances históricos, temos um novo desafio, que é a apropriação de personagens reais do passado para a construção de acontecimentos e cenas registrados pelo tempo, porém dotadas de falas e ações desconhecidas pelo grande público.
    http://rainhastragicas.com/2012/11/15/a-relacao-entre-historia-e-literatura-analisada-atraves-do-romance-historico-a-irma-de-ana-bolena/

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  24. White considera que literatura e história não são distintas, pois ambas tem o foco no real que no possível, e dependem de documentos históricos para contar a estória. Por quê estória com "e"? Porque a verdade não existe, ela está no imaginável de cada um de nós, ou seja a cada discurso ou leitura um novo relato, porém, o que distingue literatura e história é o discurso narrativo e o gênero o qual está inserido os elementos temáticos. A literatura utiliza-se do imaginável para conceber seu discurso, já os historiadores equivalem-se à ciência para objetivar seus discursos narrativos, entretanto historiadores não percebem ou não aceitam que a literatura está ganhando seu espaço de mais condizente com os fatos históricos, porque é mais relevante e admissível para os leitores, fixando e decodificando os fatos históricos com mais compreensão.
    White defende que os historiadores deveriam valer-se dos recursos literários para fazer seu trabalho e que história não deveria ser considerada uma disciplina autônoma.
    " A meu ver, a História enquanto disciplina vai mal atualmente porque perdeu de vista as suas origens na imaginação literária. No empenho de parecer científica e objetiva, ela reprimiu e negou a si própria sua maior fonte de vigor e renovação. Ao fazer a historiografia recuar uma vez mais até à sua íntima conexão com sua base literária, não devemos estar apenas nos resguardando contra distorções simplesmente ideológicas; devemos fazê-lo no intuito de chegar `aquela "teoria" da história sem a qual não se pode de maneira alguma considerá-la "disciplina".
    A história não vive sem a literatura e vice versa.

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  25. ( WHITE,p.116)

    bibliografia: WHITE, haiden, Trópicos do discurso, O texto como artefato literário.

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  26. "...a unidade sujeito-objeto idêntico no plano material da história, ou seja, buscar o sujeito real e efetivo na história a partir dos desdobramentos das “figuras” da consciência. Para tanto, a perspectiva da totalidade será fundamental para esta articulação dialética entre ser e consciência. A partir da universalidade da forma estrutural da mercadoria posta na dinâmica da objetividade reificada e a consequente manifestação subjetiva dessa objetividade, há um ser social completamente distinto dos períodos anteriores, que se constitui numa realidade em que o fenômeno da reificação atinge as manifestações gerais do conjunto da sociedade. Sob estas condições que se dá a gênese da filosofia moderna, segundo Lukács, sendo possível acompanhar os vários níveis de contradição
    do ser em face da consciência"

    MENDES, Bruno M. F..O problema da reificação em História e Consciência de Classe de Georg Lukács. UFSCAR. 2011.

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  27. "... entende serem a escrita da história assim como da literatura, antes de
    mais nada, discursos. Ficção e história constituem sistemas de significação
    pelos quais damos sentido ao passado. São a partir de tais discursos que o
    homem reconstrói seu futuro". (TROUCHE, 2006, p.41)


    TROUCHE, André Luiz Gonçalves. América: história e ficção. Niterói, RJ: Eduff,
    2006

    Fabiane Cassana Rosa

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  28. Tanto literatura como história apresentam estruturas narrativas e por mais que o historiador busque resposta se informações sobre um determinado fato real, existirão lacunas que só poderão ser preenchidas através de suas suposições, interferindo na narrativa e alterando, mesmo de que uma forma pouco relevante, os acontecimentos. Sendo assim a narrativa história também pode ser vista como ficcional. Assim como White esclarece no trecho abaixo:
    “O modo como determinada situação histórica deve ser configurada depende da sutileza com que o historiador harmoniza a estrutura específica de enredo com o conjunto de acontecimentos históricos aos quais deseja conferir um sentido particular. Trata-se essencialmente de uma operação literária, vale dizer criadora de ficção. E chamá-la assim não deprecia de forma alguma o status das narrativas históricas como fornecedoras de um tipo de conhecimento. Pois não só as estruturas pré-genéricas, mediante as quais os conjuntos de eventos se podem constituir em estórias de um tipo particular, são limitadas em número, como Frye e outros críticos arquetípicos sugerem; como também a codificação dos eventos em função de tais estruturas de enredo é uma das maneiras de que a cultura dispõe para tornar inteligíveis tanto o passado pessoal quanto o passado público.” (WHITE, p. 103)
    Referência:
    WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: _____. Trópicos do discurso. Tradução: Alípio Corrêa de Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994.

    Caroline Ferreira Pinheiro

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  29. A história retrocede ao se preocupar em fazer uma seleção de grandes eventos, já a literatura impõe uma perspectiva da história. Ambas se mesclam em suas narrativas,
    como ficção da literatura e como artefato verbal da narrativa histórica.

    White, Hayden. In:-------.Trópicos do Discurso. 2. ed., São Paulo: Editora USP, 2001

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  30. Para White o próprio discurso do historiador é formado por diferentes tipos de mitos históricos. Para o autor não existe uma verdade permanente do historiador sobre uma história, pois o historiador também pode ser julgado e sua história será uma estória. Para o New historicismo não há diferença entre estória e história, pois tudo é ficção, recuperação de elementos formais do texto através de estórias para fazer a história.
    “ Por exemplo, nenhum acontecimento histórico é intrinsecamente trágico; só pode ser concebido como tal de um ponto de vista particular ou de dentro do contexto de um conjunto estruturado de eventos do qual ele goza de um lugar privilegiado. Pois na história o que é trágico de uma perspectiva é cômico de outra, exatamente da mesma forma que na sociedade o que parece ser trágico do ponto de vista de uma classe pode ser, como Marx pretendeu demonstrar com os 18 Brumário de Luis Bonaparte, apenas uma farsa do ponto de vista de outra classe(p.100-101).”



    WHITE, Hayden . Trópicos do Discurso: Ensaios sobre a Crítica da Cultura/ Hayden White. Tradução de Alípio Correia de Franca Neto – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994.

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  31. "Para Foucault, se o historiador tiver o cuidado de entrar de
    corpo e alma na história, admitindo que só se faz a história
    participando de seu próprio jogo, que não se pode escrever a história
    como um espectador, torcendo da arquibancada, sendo um
    historiador atleta e não um historiador assistente, se perceber que
    só se escreve a história suando a camisa, não a olhando de binóculo
    de um camarote refrigerado, ele aprenderá que “atrás das coisas há
    ‘algo inteiramente diferente’: não seu segredo essencial e sem data,
    mas o segredo que elas são sem essência, ou que sua essência foi
    construída peça por peça a partir de figuras que lhes eram estranhas”
    (Foucault, 1984a, p.17)."
    Durval Muniz de Albuquerque Júnior. A História em Jogo


    Graciele Pedra

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  32. A aproximação da história com a literatura tem um sabor de dejà vu, dando a impressão de que tudo o que se apregoa como novo já foi dito e de que se está “reinventando a roda”. A sociologia da literatura desde há muitos anos circunscrevia o texto ficcional no seu tempo, compondo o quadro histórico no qual o autor vivera e escrevera sua obra. A história, por seu lado, enriquecia por vezes seu campo de análise com uma dimensão “cultural”, na qual a narrativa literária era ilustrativa de sua época. Neste caso, a literatura cumpria face à história um papel de descontração, de leveza, de evasão, “quase” na trilha da concepção beletrista de ser um sorriso da sociedade.

    Carla Duarte


    Sandra Jatahy Pesavento, « História & literatura: uma velha-nova história.

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  33. A literatura e a história ambas estão interligadas, pois “produzem” fatos ficcionais, porém a história parte da verdade científica. Sendo que, o escritor literário faz um apanhado de fatos “reais” históricos em suas obras. É complexo afirma que literatura e história não estão interligadas.

    “A distinção mais antiga entre ficção e história, na qual a ficção é concebida como a representação do imaginável e a história como a representação do verdadeiro, deve dar lugar ao reconhecimento de que só podemos conhecer o real comparando-o ou equiparando-o ao imaginável. Assim concebidas, as narrativas históricas são estruturas complexas em que se imagina que um mundo da experiência existe pelo menos de dois modos, um dos quais é codificado como real e o outro se revela como ilusório no decorrer da narrativa. Trata-se, obviamente, de uma ficção do historiador a suposição de que os vários estados de coisas que ele constitui na forma de começo, meio e fim de um curso do desenvolvimento sejam todos verdadeiros ou reais e que ele simplesmente registrou o que aconteceu na transição da fase inaugural para a fase final. médio de todas as narrativas.” White (p. 115)

    Priscilla Dutra

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  34. Literatura e história sempre se entrelaçaram entre si, sendo que a fusão dessas consciências, mesmo que vista com maus olhos por alguns historiadores, não é algo antinatural.


    “Hayden White, em sua obra Trópicos do discurso: ensaios sobre a critica da cultura, ressalta que a atual geração de historiadores:


    E chamada a realizar seja expor o caráter historicamente condicionado da disciplina histórica, presidir a dissolução da reivindicação da autonomia que a historia mantem com respeito às demais disciplinas e promover a assimilação da historia a um tipo superior de investigação intelectual que, por estar fundada numa percepção mais das semelhanças entre a arte e a ciência que das suas diferenças, não pode ser adequadamente assinada nem por uma nem por outra. (WHITE, 1994, p.41).


    Muitos intelectuais não concordam com as ideias de White, que é chamado de “guru, crítico cultural, interprete superior da pós-modernidade”, mas ele defende a ideia de que o historiador tem que tentar se libertar do senso histórico, mergulhando no imprevisível, mesmo que com isso se desestruturem as normas da disciplina, ressaltando que a visão de trabalhar a arte na historia e um dos caminhos.


    O saber histórico além de propagar o conhecimento ou a informação deve ultrapassar as generalizações, sua dimensão esta na probabilidade da variação de um determinado tema, “o bom historiador” segundo Nietzsche, apud Paz (1991, p.4) “deve ter o poder de cunhar para o já conhecido uma coisa nunca ouvida antes e proclamar o universal de maneira tão simples e profunda que o simples se perca no profundo e o profundo no simples”.


    A presente ampliação e diversificação da historiografia frequentemente são interpretadas com desconfiança e ate mesmo com certo temor, porque muitas vezes vai de encontro à pretensão da objetividade do conhecimento determinado. Ousar falar sobre sexualidade, sensibilidade, semiótica, buscar fontes junto à literatura, antropologia e propor novos vínculos teóricos, tudo isso causa impacto. Deve-se buscar uma historiografia mais compromissada com “ideias” e cada historiador tem direito a criar o seu estilo, pois segundo Peter Gay (1990), “o estilo e a arte da ciência do historiador”.”


    (http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/RevistaCientifica2/zeloidossantos.pdf acessado em 28 de janeiro de 2014)


    Carolina Brahm da Costa

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  35. O texto histórico pode ser utilizado como artefato literário, no entanto os historiadores podem não gostar dessa ideia porque assim a literatura pode estar duvidando de fatos que ocorreram na história. A história tem os fatos, mas ela tem muitas lacunas que não são preenchidas. A literatura não tem a responsabilidade de recontar a história. Com o fato da literatura não ter o compromisso com a realidade, ela acaba colocando em duvida os fatos históricos.
    Exemplo: O livro Galvez imperador do Acre, o escritor utilizou os fatos e personagens históricos para escrever seu livro, no entanto ele criou outra história. O autor coloca em duvida a veracidade da história colocando os fatos históricos de pano de fundo.
    Diferentemente do romance histórico que não tem a pretensão de mudar a história, um exemplo é livro O Guarani de José de Alencar em que autor utiliza história sem mudar nenhum fato ou data. O autor deixa a história intacta, sem modifica-la ou questionar a sua veracidade.
    A literatura em alguns aspectos é igual a história, porque ambas tem que recriar os fatos para preencher as lacunas deixada pela história.

    Josiane Gonsalves Porto

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  36. É um pouco difícil pensar em Literatura sem interligá-la com a História, e o New Historicism é uma corrente totalmente favorável nesse sentido. Torna-se extremamente importante contextualizar uma obra literária no seu período histórico para que se possa melhor compreendê-la. Além disso, muitas vezes a literatura necessita de recursos históricos para sua construção.

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  37. Segundo White, tanto a visão histórica quanto a literária não são totalmente verídicas. No momento em que as duas são contadas a partir de um discurso, tanto a história quanto a estória mostram-se dotadas de ficção.

    Em um discurso estão inseridas visões diferentes, pontos de vistas, de forma que comprometem a veracidade dos fatos históricos. Para os que participaram do fato, sua expressão é feita de maneira que se possa obter algum privilégio de imagem, já para os que possuem uma visão do “lado de fora”, ou seja, para os que apenas observaram o acontecimento, expressam nela a sua visão de mundo.

    A literatura nem sempre inverte o discurso do historiador, como muitos acreditam. Ela concede sentido a fatos que aparentemente são incoerentes, preenchendo lacunas que muitas vezes são esquecidas pelo discurso do historiador.

    Graciela da Rocha Rodrigues

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  38. No texto estudado, Hayden White (2001, p. 115) concebe a ideia de que a natureza do texto historiográfico está atrelada à natureza do texto literário – contestando, assim, a antiga distinção entre história e ficção, a qual concebe a primeira “como a representação do verdadeiro” e a segunda “como a representação do imaginável”.
    Para ilustrar esse atrelamento, White (2001, p. 113) cita a plausível identificação de gêneros (satírico, romântico, trágico) e a utilização de algumas figuras de linguagem (metáfora, metonímia) nos textos historiográficos. Em suma, o autor aplica categorias cunhadas pela crítica literária à “classificação” das várias modalidades de historiografia e, com isso, estabelece “uma relação de homologia entre história e literatura, e não apenas uma relação de complementaridade” (TEIXEIRA, 1998, p. 33).
    A referida relação, portanto, é capaz de perturbar os teóricos literários, que defendem a oposição entre fato e ficção, e de ofender os historiadores, os quais temem a degradação da historiografia e sua transformação em ideologia, supostamente ocasionadas pelo reconhecimento do elemento ficcional no discurso historiográfico (WHITE, 2001, p. 116).

    Danielle R. Betemps, em 28/01/2014.

    Referências:
    TEIXEIRA, Ivan. “New Historicism”. Cult, São Paulo, p. 32-35, dez. 1998. (Fortuna Crítica, v. 6).
    WHITE, Hayden. “O texto histórico como artefato literário”. In: _____. Trópicos do discurso. São Paulo: Edusp, 2001.

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  39. É na minha singela opinião e observação do que até aqui foi estudado que a literatura e a história ambas interligam-se para o " gosto ou desgostos" de alguns, no fato de que a literatura muitas vezes "bebe de fontes históricas" para construir sua arte literária, pois a literatura neste caso ponhe-se a serviço da história e está por sua vez enriquece-se seus manuscritos servindo-se desta arte de escrever escritos artísticos valorizando a história. Seria um exemplo interessante a carta de Pero Vaz de Caminha ao contar de maneira tão minuciosa e de certa forma poética o descobrimento da Nova terra..

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  40. The new historicism expressa a literatura baseada na percepção de que ela pode ser influenciada pelo tempo e características do autor da obra, e que literatura e história estão interligadas, isto é, caminham lado a lado.Muitos textos literários , de acordo com novos historicistas aparecem inseridos dentro do contexto histórico, ou seja, os textos literários são criados de acordo com seu momento histórico.

    Hayden White inclina-se à história para tentar explicar estruturas formais de textos literários.Ele considera que a dimensão da história não pode ser descartada, e que os historiadores adicionam elementos simples da narrativa para dar sentido aos dados brutos, para organizar e dar percepção às suas contas do passado.

    The New Historicism às vezes é usado simplesmente como forma de enfatizar á importância da história para a compreensão de eventos ou textos, com o pressuposto implícito de que tais eventos ou textos devem, portanto ser, em certa medida historicamente determinados. Greenblatt Stephen faz grande parte da relutância de novos historicistas para estabelecer uma posição teórica, antes de prosseguir com suas análises.

    New york:wwNorton and co. 2001
    www.robertjcyoung.com
    2007 Robert JC Jovem

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  41. CADEIRA DE BALANÇO
    (Mario Quintana)


    Quando elas se acordam
    do sono, se espantam
    das gotas de orvalho
    na orla das saias,
    dos fios de relva
    nos negros sapatos,
    quando elas se acordam
    na sala de sempre,
    na velha cadeira
    que a morte as embala...

    E olhando o relógio
    de junto à janela
    onde a única hora,
    que era a da sesta,
    parou como gota que ia cair,
    perpassa no rosto
    de cada avozinha

    um susto do mundo
    que está deste lado...

    Que sonho sonhei
    que sinto inda um gosto
    de beijo apressado?
    - diz uma e se espanta:
    Que idade terei?
    Diz outra:
    - Eu corria
    menina em um parque...
    e como saberia
    o tempo que era?

    Os pensamentos delas
    já não têm sentido.

    A morte as embala,
    as avozinhas dormem
    na deserta sala
    onde o relógio marca
    a nenhuma hora

    enquanto suas almas
    vêm sonhar no tempo
    o sonho vão do mundo...
    e depois se acordam
    na sala de sempre

    na velha cadeira
    em que a morte as embala...

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  42. Literatura e história compartilharam um interesse em comum o ser humano – o homem, é seu
    objeto de conhecimento.
    “A História é o mais belo romance anedótico que o homem vem
    compondo desde que aprendeu a escrever. Mas que tem com o
    passado a História? Toma dele fatos e personagens e os vai estilizando
    ao sabor da imaginação artística dos historiadores. Só isso.”
    (Monteiro Lobato,1926)
    Na literatura encontramos características específicas, em determinados momentos históricos ou em determinadas regiões é influenciado por elementos em evidência. Em outras situações, a obra literária pode se debruçar sobre determinado momento históricos e recontá-la com formas próprias da arte, pode também construir um contra discurso à história real. Literatura e história não poucas vezes se entrelaçam nas narrativas ficcionais, mas que abordam recortes de momentos históricos, podendo fazê-lo de maneira mais ou menos próxima dos dados históricos. Para White (1994) a divisão entre fato e ficção não seria plausível, pois, o fato do passado, não deixa de ser recriado na escrita. Normalmente a história é baseada em fatos e documentos, negando-se a possibilidade de construção de juízos de valor por parte do pesquisador e, ainda, caracteriza-se pela veneração do passado, que seria o Historicismo, em contra partida surge o conceito de Novo Historicismo, o qual se torna
    possível rever, reler, repensar a história de modo crítico e questionador, o que é feito, de certa forma, pelas obras literárias que abordam fatos históricos. Pensar desta forma o Novo Historicismo implica pensar a literatura como parte integrante da história, ou, ainda, em alguns casos, como o contra discurso da história oficial.


    Referências:
    WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Edusp,1994.

    Eliani Ludwig

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  45. Ao produzir um texto literário ou mesmo analisar-lo, segundo White, não podemos deixar de lado seu contexto histórico-cultural, porém nos afirma que um texto literário não é só feito de dados históricos e sim de uma junção com a ficção, nos mostrando assim que a literatura é a representação de uma história poética.

    Essa história poética traz, como base, os fatos históricos e permite que o imaginário crie uma narrativa onde se componha uma obra literária. Vale destacar que esse imaginário citado por White é feito sem muito policiamentos, o que oferece várias possibilidades de narrar qualquer tipo de acontecimento ou fato usando a ficção.

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  47. Hayden White, em “O texto histórico como artefato literário”, procura desfazer a ideia de que textos de cunho histórico e de cunho literário estariam cruamente separados porque tratariam de objetos diferentes: “A distinção mais antiga entre ficção e história, na qual a ficção é concebida como a representação do imaginável e a história como a representação do verdadeiro, deve dar lugar ao reconhecimento de que só podemos conhecer o real comparando-o ou equiparando-o ao inimaginável.” (WHITE, 2001, p. 115)

    Refutando essa ideia, o autor mostra que esses dois gêneros são mais próximos do que se imagina. O texto histórico, embora figure para muitos historiadores (e até mesmo para um ideário coletivo) como o texto que se propõe a documentar um conjunto de fatos tais como aconteceram naquilo que se convém chamar de realidade, falha por ser mais uma forma de discurso, constituindo uma contradição ao seu propósito. O próprio White enfatiza o fato de o texto histórico constituir mais uma forma de discurso, ao dizer que “Não importa se o mundo é concebido como real ou apenas imaginado; a maneira de dar-lhe um sentido é a mesma.” (op. cit.)

    Na relação entre literatura e história refletida pelo autor, essa é a perturbação que toca na ferida de muitos historiadores: o texto que se ocuparia de ser um registro dos fatos tais como aconteceram falha no seu propósito, porque consiste em um aproveitamento dos acontecimentos cujo resultado é um registro linguístico. O registro é o produto do ato de conferir sentido à experiência que já aconteceu e que não pode ser revivida. Ainda, quem confere sentido à experiência, tal como no caso do texto literário, é um sujeito, o qual tem o poder de enfatizar, minimizar ou omitir aspectos da experiência, sempre de acordo com a sua vivência (com a sua recepção do que foi presenciado, e com o seu conhecimento acerca daquilo) e as suas intenções ao passar esse registro para a posteridade. Tudo isso contribui para a elaboração de um discurso único, com diferenças mais ou menos sobressalentes em relação a outras narrativas do mesmo fato e inevitavelmente diferente do fato em si; nunca algo idêntico.

    O autor ressalta essa possível perturbação que se pode causar: “Tudo isso é altamente esquemático, e sei que essa insistência sobre o elemento ficcional de todas as narrativas históricas desperta com certeza a ira dos historiadores que acreditam estar fazendo algo fundamentalmente diferente do romancista [...]” (op. cit.)

    O texto histórico, portanto, acaba por figurar como mais uma forma de narrativa, pois é uma redescrição do evento em uma outra forma de percepção, a linguística, que jamais refletirá integralmente uma realidade.

    (Que texto interessante. Uma coisa que me parece é que a aproximação entre texto histórico e texto literário não é unilateral. Eles se tornam próximos porque um assume características do outro. O texto histórico, na visão de White, perde seu valor de registro oficial, e o texto literário, por sua vez, pode figurar como um registro histórico à sua maneira, visto que é produzido por um indivíduo num dado momento da história e a sua elaboração é direta ou indiretamente influenciada por esse contexto.)

    Referência: WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: ___. Trópicos do discurso. 2ª ed. São Paulo: Editora USP, 2001.

    Thais Barbieri
    29/01/2014 – 17:50

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  48. A frustração dos historiadores se deve ao fato de que a história que prevalesce nem sempre é a ocorrida e sim a melhor transmitida; e o artista por essência é respaldado por características típicas de quem transmite com sentimento capaz de alterar a realidade.
    A INVASÃO DOS MARCIANOS



    Orson Welles relata a sua desastrosa radiofonização da "Guerra de dois mundos"


    Um jornalista francês obteve, não faz muito tempo, um relato pormenorizado de Orson Welles, sobre a sua famosa e extraordinaria irradiação da "Guerra de Dois Mundo" e que deu origem a acontecimentos tragicos em varias cidades norte-americanos. Essa irradiação, por outro lado, fez revelar ao mundo o genio de Welles, que mais tarde se dedicaria ao cinema, onde pôde demonstrar sua capacidade realmente grandiosa. Eis o relato:

    Em outubro de 1938 Orson Welles era um cenarista muito pouco conhecido na America. Certo dia resolveu propor à direção da "Columbia Broadcasting System" uma transmissão diferente: a adaptação radiofonica da "Guerra de Dois Mundos", de H. G. Wells. Essa irradiação foi feita às 20 horas do dia 30 de outubro daquele ano.

    - "Eu julgava - disse Orson Welles ao jornalista - que somente crianças de 9 anos de idade ou debeis mentais poderiam levar a serio minhas elocubrações. Entretanto, em Nova York elas provocaram um panico inacreditavel..." (http://almanaque.folha.uol.com.br/leituras_26jul00.htm)

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  49. Então é isso e mais meio quilo de farinha.

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