terça-feira, 17 de março de 2015

DANÇA

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A VALSA

Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranquila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos, 
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!

(Casimiro de Abreu)


https://www.youtube.com/watch?v=kWMbL6y-zDs (Valsa do imperador)
https://www.youtube.com/watch?v=xzob7d5BoTE (Lago dos Cisnes)
https://www.youtube.com/watch?v=RYp8j2yxkyU (Candombe)
https://www.youtube.com/watch?v=Gcxv7i02lXc (Por una cabeza)
https://www.youtube.com/watch?v=m7mBnS5-07k (Perfume de mulher)
https://www.youtube.com/watch?v=bXhQNRsH3uc (Tango)
https://www.youtube.com/watch?v=qGaOlfmX8rQ (We will rock you)
https://www.youtube.com/watch?v=kdhTodxH7Gw (Libertango)
https://www.youtube.com/watch?v=riuF_Ur3unc (Bajofondo)
https://www.youtube.com/watch?v=WreY6NFHx24 (Milonga)
https://www.youtube.com/watch?v=s1L0lNiBnNM (Así se baila una milonga)
https://www.youtube.com/watch?v=bgig75U7AM0 (Dois prá lá, dois prá cá)

Acesse: http://gatopistola.blogspot.com.br/2011/05/tango-prologo-de-tango-discusion-y.html 

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

1.      Sentindo frio em minh’alma
2.      Te convidei pra dançar
3.      A tua voz me acalmava:
4.      São dois pra lá, dois pra cá

5.      Meu coração traiçoeiro
6.      Batia mais que o banguê
7.      Tremia mais que as maracas
8.      Descompassado de amor

9.      Minha cabeça rodando
10.  Rodava mais que os casais
11.  O teu perfume gardênia
12.  E não me perguntes mais

13.  A tua mão no pescoço
14.  As tuas costas macias
15.  Por quanto tempo rondaram
16.  As minhas noites vazias

17.  No dedo um falso brilhante
18.  Brincos iguais ao colar
19.  E a ponta de um toturante
20.  Band-aid no calcanhar.

21.  Eu hoje me embriagando
22.  De uísque com guaraná
23.  Ouvi tua voz murmurando
24.  São dois pra lá, dois pra cá.

(João Bosco e Aldir Blanc)

O poema como um todo é uma  metáfora ao sentimento de amor, representado por dois momentos de vida.  O primeiro (do verso 1 ao 20) retrata cenas de um baile ou festa onde o eu-poético tinha a chance de se aproximar da mulher por meio da dança.  O desejo e o nervosismo eram acalmados pela voz que ditava o ritmo da música e denunciados pelas batidas do coração.  A cabeça rodando mais que os casais apresenta não só o momento da dança, mas também as sensações que se confundem entre a felicidade de ter em seus braços a mulher amada e os sonhos de esperança que cultivou em solidão.
O segundo momento (versos 21, 22, 23 e 24) coloca o leitor na situação em que ele – o eu-poético – se encontra, onde a voz que antes ditava os passos da dança hoje representa a separação.  Separação esta que, apesar de não ser solitária, pois cada qual tem o seu par, é dolorosa para ele que relembra com saudades dos momentos vividos ao lado de sua amada.

A metonímia ocorre nos versos 1 e 4 que substituem o medo e a dança (no final, a retomada do verso 4  vai representar a separação dos dois), o que também acontece no verso 16 ao apresentar noites vazias em substituição a solidão.  Nos versos 6 e 7 ocorre símile por meio da comparação em níveis diferentes, já nos versos 9 e 10 há uma comparação entre cabeça e casais.  Há também um processo de personificação na ronda exercida pela mão no pescoço e costas macias (versos 13, 14 e 15).  O falso brilhante (verso 17) mostra a fragilidade do sentimento nutrido por ela, enquanto que os versos 21 e 22 apresentam as recordações fortes e doces na mistura de uísque com guaraná. 

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