Escolha um dos fragmentos abaixo extraídos da Hermenêutica da obra de arte, de Hans-George Gadamer, e elabore um pequeno texto tomando por base os argumentos presentes no próprio texto e procurando, na medida do possível, fazer relações com outros textos já trabalhados. Como exemplo de outro texto literário - além das obras citadas pelo teórico - seguem dois fragmentos de obras literárias para ilustração sobre a questão da condição humana.
A punto de rendir el último examen en la Universidade de Texas, en Austin, supe que mi tío Edwin Arnett había muerto de un aneurisma, en el confín remoto del Continente. Sentí lo que sentimos cuando alguien muere: la congoja, ya inútil, de que nada nos hubiera costado hacer sido más buenos. El hombre olvida que es un muerto que conversa con muertos. Jorge Luis Borges, There are more things. In: El libro de arena, Alianza Editorial, 2008, p. 55.
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci do casamento. Verdade é que ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidecência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulos de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Editora Globo, 1997, p. 208.
1) "A todas as artes da cultura, contudo, é comum o fato de elas designarem em verdade conjuntamente o domínio do homem sobre a terra, mas não conseguirem suspender o destino da mortalidade." (p. 272).
2) "O caminho das oferendas até o conteúdo imagético das cenas mortuárias dá prosseguimento a uma fixação. Ainda hoje o nosso sentimento linguístico confirma o fato de não se poder pensar a vida de alguém ou a própria vida como perecível porque o vivente já está sempre consciente da finitude de sua existência" (p. 290).
Hermenêutica
ResponderExcluirSegundo Gadamer “ o saber em torno de nossa própria finitude está sempre vivo em nosso sentimento existencial ... que em relação à sua morte, ele saiba e a mesmoo tempo não saiba quando ou como logo será chamado”. Tanto em obras literárias como na vida real nossa condição como ser humano será sempre essa certeza: a da morte e a incerteza do quando, onde ou como nosso tempo expirará, terá todo homem conseguido alcançar algum objetivo ou realizado seus sonhos no seu tempo aqui? Não conseguiremos obter uma resposta a derradeira hora. No fragmento da obra de Machado de Assis, “Memórias póstumas de Brás Cubas, obra em que um personagem defunto narra sua vida após sua morte sem qualquer compromisso com a sociedade, sentimentos ou com o tempo (cronologia dos fatos), no capítulo exposto para análise “das negativas” que é o último da narrativa, ele admite que não alcançou sucesso no trabalho, em nenhum dos que tentou, não teve sorte no amor, ele amou durante sua vida, mas pelo fato da moça ser manca ele não casou com ela, porém não conheceu o casamento, foi rico, nunca precisou preocupar-se com seus gastos, não importou-se com a vida de amigos, acha que partiu quite com a vida principalmente por não ter tido filhos e ter que deixar o legado da miséria humana.
Um capítulo derradeiro que mostra a vida de um homem que foi rico, mas no entanto não foi nada, nem ninguém. Em todas essas representações, nós nos encontramos diante do presente e mesmo para além do fim da própria vida.
Considerando o fragmento exposto para análise da obra e como condição humana da vida real podemos compreender que o autor do texto nos explicita que o homem conhece sua condição como um reles mortal, que sua vida é perecível, todos nós expiraremos com sonhos e objetivos realizados ou não.
Bibliografia: GADAMER, 19. Perecibilidade (1991) [Vergänglichkeit]
ASSIS Machado de, Memorias Póstumas de Brás Cubas, cap.160
A morte é um símbolo abstrato, um sentimento que não pode ser tocado. A hermenêutica trabalha com o modo simbólico, assim como o desconstrutivismo, também trabalha com a ideia de desconstruir o texto para interpretá-lo. Humberto Eco disse que na prática a hermenêutica entende todo o texto como um símbolo e, por isso, como infinitamente interpretável e, conforme se costuma dizer hoje, desconstrutivel. Sendo assim, o crítico precisa de uma decisão pragmática desejando interpretar simbolicamente e assim partir para a hermenêutica. Também como o desconstrutivismo e o estruturalismo, a hermenêutica se limita apenas ao que há na obra. Mas se a partir do que está escrito houver algo que remeta a outros conceitos que não estão diretamente citados na obra, estes podem ser trabalhados. O que importa é a cultura que há na obra em questão, como em Memórias Póstumas de Brás Cuba, na qual há um defunto autor, não importa que isto seja impossível na nossa realidade, devemos nos ater apenas ao texto.
ResponderExcluirA morte é a única certeza que se tem na vida, todos os seres vivos, em qualquer lugar do mundo sabe que esse é o fim. Contudo, o pensamento sobre a morte não é um pensamento constante o que faz com que a maioria das pesoas vivam a vida como se fossem imortais, ou vivam só por viver, como máquinas, que acordam, trabalham e vão dormir até que se dão conta que passaram muitos anos e o que fizeram? Simplesmente só existiram.
ResponderExcluirJá dizia o Cazuza: “Os idiotas são mais felizes. Eles não sabem que vão morrer”.
No segundo trecho citado do texto, o autor fala sobre a representação das cenas mortuárias, e dessa representação enquanto um símbolo, algo que parece possuir uma representação comum a muitas culturas. Além disso, é importante, para aqueles que estudam a literatura a partir da hermenêutica, a compreensão dessa simbologia, ou seja a interpretação desse texto/símbolo.
ResponderExcluirO conto Angústia de Anton Pavlovitch Tchékhovv tratra da simbologia da morte de uma maneira muito interessante. Assim, o velho cocheiro quer contar para as pessoas que ele leva sobre a morte do filho, no entato, ninguém parece querer ouví-lo.
Assim, o conto é construído de uma maneira simples, no entanto, a representação da narrativa, o contexto, o modo como é narrado e a próprias estrutura de conto onde o evento é algo simples faz com que consigamos sentir a angústia da personagem em relação a morte (e tudo que ela representa) no conto.
Gadamer, com sua estética hermenêutica, lançou-se pela recusa desta restrição do campo interpretativo, problema percebido tanto na obra de Schleiermacher quanto na de Dilthey, e em outras, elegendo a arte como exemplo antitético ao modelo das ciências naturais. Propunha, assim, em seu lugar, um discurso onde a compreensão pudesse ser percebida como um fenômeno aberto, o fenômeno hermenêutico, porque neste a experiência de verdade pode surgir a partir da copertinência inicial ao horizonte de aparição da obra, como afirma o filósofo, citado por Marco Antonio Casanova, organizador e tradutor para língua portuguesa de breves ensaios publicados entre 1943 e 1989, que reaparecem nesta Hermenêutica da Obra de Arte.
ResponderExcluirGadamer vê a arte como fenômeno hermenêutico por excelência uma vez que seu processo interpretativo requer que se indague diante da obra o que ela tem a nos dizer imediatamente em relação à instauração de nossas expectativas sobre a mesma.
Memórias Póstumas de Brás Cubas" é a obra que sela a nossa independência literária, a nossa maturidade intelectual e social, a liberdade de concepção e expressão de que o Brasil se encontrava necessitado na época. Tal livro é conhecido como um "divisor de águas" na Literatura Brasileira.
Um forte niilismo pode ser verificado, quando, no capítulo final do romance, ele enumera todas as negativas que lhe compuseram a existência, em todos os sentidos e planos. Apenas alguns pontos positivos, como o fato de não ter que morrer pobre como D. Plácida, de não enlouquecer como Quincas Borba e de não necessitar de trabalho para sobreviver são mencionados, como uma pequena compensação para tantos "nãos". No entanto, ao refletir melhor, em mais uma de suas voltas, acaba por desmentir aquilo que seria um consolo, uma conciliação com a vida. Diz que fez mais, e que carrega um saldo, ainda que pequeno, o qual se constitui na derradeira negativa do romance e em mais uma grande ironia de Machado: em um radicalismo niilista, Brás nega que a Humanidade mereça ter continuidade, vangloria-se de não ter tido filhos, de não dar prosseguimento a sua família.
Vinga-se da vida, recusa-a radicalmente, trata de demoli-la. "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria" é uma frase que nos revela a universalidade da miséria humana, tanto que o narrador troca o "eu" pelo "nós" e, assim, podemos verificar que Brás Cubas se revela como síntese de muitas, ou talvez, de todas as pessoas, com seus fracassos não assumidos, e não apenas um ser. Machado analisa a todos, de forma profunda, com sua capacidade imensa de penetração psicológica. Desvenda-nos as faces do ser humano, como se de um só falasse.
O ser humano costuma carregar consigo inúmeras incertezas sobre a vida e apenas uma certeza: a morte. Uma incerteza que a acompanha é o momento de sua chegada. Eis uma coisa que o homem jamais irá dominar. O que ela representa de fato? Podemos pensar em inúmeros definições para isso, mas descobriremos este mistério depois que deixarmos esta existência terrena, No trecho de Machado de Assis, há duas visões sobre o que ela pode representar. Uma delas é das pessoas que ainda vivem e não descobriram o outro lado do mistério, achando que Brás Cubas foi um miserável e que nunca conseguiu nada na vida. Já a visão que é feita pelo próprio Brás Cubas já no outro lado do mistério nos revela que ele está feliz, mesmo sendo um capítulo de negativas, quite com a vida por não ter tido filhos e com isso não continuar com sua vida de miséria e de frustrações.
ResponderExcluirPara o homem a morte faz parte da consciência da vida, é cuidado ou exigência de sentido, palavra originária ou interrogação radical, que não se satisfaz com a explicação puramente biológica ou pulsional.
ResponderExcluirComunica com a necessidade de compreensão e exige sempre distanciamento, significado ou justificação. Dotado deste modo de uma audaz capacidade de simbolização,( o nascimento do espírito ), de autonomia ou transcendência, o homem diferencia-se de todos os outros seres, porque sabe que não é apenas vida, que se reproduz a si mesmo, mais alguém que enquanto indivíduo singular, sabe que vai morrer.
O homem compreende uma coisa quando sabe o que fazer dela, do mesmo modo como compreende a si mesmo quando sabe o que fazer consigo, isto é, quando sabe o que pode ser.Carlos Drummond de Andrade, no poema O lutador, nos fala da luta desigual que travamos com as palavras:
Lutar com palavras.
é a luta mais vã.
Enquanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Uma das grandes batalhas nessa luta é encontrar, em meio a tantas, quase infinitas, a palavra certa para dizer exatamente aquilo que se quer dizer. E não há outra igual à palavra certa, aquela que se procura e muitas vezes não se acha. Não importa o que tenhamos a dizer, existe apenas uma palavra para exprimi-lo, um único verbo para animá-lo e um único adjetivo para qualificá-lo.
Se pode ser vã a luta para encontrar a palavra certa, imagine, então, como é a luta de quem procura encontrar o sentido certo das palavras utilizadas pelos outros para tecer pensamentos expressos em seus escritos. Eis a tarefa do intérprete, eis o desafio da hermenêutica, pretensa ciência da arte de interpretar não só os textos, mas a própria vida.
A partir da perspectiva de Gadamer é possível analisar que a humanidade consegue grandes realizações em seu período de vida, entretanto esse domínio do “homem” sobre as possibilidades da vida não atinge a morte. Ou seja, é possível até retardá-la, mas não evitá-la. Sendo possível observar a fragilidade da humanidade frente ao desconhecido, acarretando assim nas diversas representações e compensações desse fato pela arte.
ResponderExcluir“Walter Benjamin, ao proceder à leitura hermenêutica do drama barroco alemão, fala da morte para designar a vida, descreve a vida como caducidade para expressar a certeza da morte, descreve a miserabilidade do homem para louvar a grandeza de Deus. Com isso, decompõe o elemento humano a uma imagem diminuída e estilhaçada, mostrando que:
"Cada pessoa, cada coisa, cada relação pode significar qualquer outra. Essa possibilidade profere contra o mundo profano um veredicto devastador, mas justo: ele é visto como um mundo no qual o pormenor não tem importância." (Benjamin, 1984, p.196-7)
Com isso, Benjamin confina o homem a um plano inferior e dá às coisas o papel principal; intercambia os detalhes e pormenores, tendo como medida a arbitrariedade do artista.”
(http://www.scielo.cl/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S071658112006000100005)
(Carolina Brahm da Costa)
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ResponderExcluirAo analisarmos uma obra a partir da hermenêutica, vemos o texto como um símbolo fechado em si. O segundo trecho proposto na reflexão, fala sobre a morte, analisando enquanto um símbolo, percebe-se que a morte é um tema recorrente na Literatura. Para exemplificar, é possível visualizar a morte enquanto símbolo, através do famoso poema de Gregório de Matos:
ResponderExcluir“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia
Depois da Luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.”
Gregório de Matos
Nesse período, Barroco, século XVI, a angustia e o contraste de sentimentos dominavam a literatura. Logo, entende-se que o medo de morrer e a inquietação do além da vida participavam do imaginário dos poetas, como no caso do poema referido.
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ResponderExcluirAs diferentes culturas existentes no nosso planeta apresentam visões diferentes em relação ao que acontece quando a vida chega ao fim. O homem consegue antecipar e em algumas vezes até adiar a morte, mas não tem o poder de interferir em nenhum aspecto após a sua chegada.
ResponderExcluirEm “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o autor, na obra, consegue algo almejado por muitos: a visão da vida no universo da morte. Dessa forma, o autor consegue o domínio total de sua obra, pois consegue contá-la do “outro lado”, de forma neutra e despida de ideologias. Ao relatar que saiu “quite com a vida”, o autor demonstra seu desprezo pela existência humana. A visão da vida como uma viagem em que qualquer estrada leva ao mesmo destino: a morte.
Independente do rumo que leva cada indivíduo ao morrer, o ser humano sente a necessidade de acreditar que a morte não seja uma lacuna vazia, seja pela sua incapacidade de aceitação de perdas, seja pelo seu medo de morrer ou pela sua necessidade de acreditar em algum sentido para a vida.
“ Tu tens um medo:
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer”.
E então serás eterno.
(Cecília Meireles)
Graciela da Rocha Rodrigues
“a obra de arte é um testemunho do estado de uma civilização,o que exige do historiador das formas um método comparável ao do lingüista e o convida a constituir uma ciência geral dos signos” (Panofsky)
ResponderExcluir”Gadamer vê a arte como fenômeno hermenêutico por excelência uma
vez que seu processo interpretativo requer que se indague diante da obra o
que ela tem a nos dizer imediatamente em relação à instauração de nossas
expectativas sobre a mesma. Como arte de âmbito universal de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos textos, dos signos, da cultura e de outras formas de interação humana, a hermenêutica pode ser considerada como um ramo da filosofia que tem como principal finalidade a compreensão humana.”(Bangolin, Luiz.A.)
A hermenêutica consegue buscar nos signos seus significados percebendo na compreensão humana de que tudo é biológica e perceptivamente deteriorativo.
Goethe em “Die Leiden des jungen Werthers“ dá um bom exemplo de que a morte é a escolha feita para deixar de lado seu sofrimento egocentrico:
“Se eu tivesse alcançado a ventura de morrer, de sacrificar-me por você, Carlota! Eu morreria corajosamente, e com que alegria, se pudesse restituir-lhe o repouso e a felicidade! Mas, ai de mim, a muito poucas e nobres criaturas é dado derramar o sangue pelos seus e, com a morte, iluminar uma vida nova e centuplicada para aqueles que amam!”
Para o ser humano, a morte é inevitável, assim como para todos os outros seres. A morte é algo que nos intriga e instiga, e durante toda a vida, procuramos saber e tentar descobrir o que há do lado de lá, até que um dia a morte chega, e por fim, não sabemos até hoje o que acontece após ela. A única coisa que sabemos é que nossos corpos apodrecem na terra.
ResponderExcluirSeguindo um texto de (meu amado) Caio Fernando Abreu, falando sobre a morte e o morrer em sua concepção:
(A vida construída a partir do sentimento de morte)
"Ela se debruçou sobre mim, tão próxima que consegui
ver meu rosto inteiro
refletido em suas pupilas dilatadas.
[...]
Nas pupilas dela, desmesurados buracos negros que a
qualquer segundo
poderiam me sugar para sempre, para o avesso, se eu
não permanecer atento
– nas pupilas dela vejo meu próprio horror refletid
o.
[...]
Naquela cara viva, transbordando para além das pupi
las-buracos-negros vi
não apenas meu horror,
mas o horror e a beleza de tudo que é vivo e pulsa
e freme no Universo, principalmente o humano
. [...]. Não parecia cruel,
apenas exata, meticulosa sacerdotisa. Sabre na mão,
prestes a arrancar o
coração do menino e da virgem que eu era (ABREU, 20
06, p. 199 – 200).
(A esperança de vida)
"Amanhã à meia-noite volto a nascer. Você também. Qu
e seja suave ,
perfumado nosso parto entre ervas na manjedoura [..
.]. Brindemos à vida –
talvez seja esse o nome daquela cara, e não o que v
ocê imaginou. Embora
sejam iguais. Sinônimos indissociáveis" (ABREU, 2006
, p. 201).
A única coisa de que realmente temos certeza nesta vida é de que um dia morreremos, todo o resto é incerto. O que para uns é motivo de alegria para outros não. Já morte é uma coisa natural, vai acontecer com todo mundo uma hora ou outra, o que muda é a forma que vai ser enfrentada por cada um de nós.
ResponderExcluirExemplo no texto que segue:
Medo da morte
Qual seu maior medo? O que é que lhe dá susto?
Um dia minha filha mais velha, com pouco mais de cinco anos na época, me perguntou "Pai, se eu morresse e fosse para o céu, você queria morrer também para ir comigo?" Eu perguntei porque ela queria saber aquilo.
Ela respondeu, "Porque eu não queria ficar sozinha lá. Eu ia ter saudades de você e de Mamãe."
Eu já tinha dito a ela no passado que no céu ela estaria com Jesus. Mas, eu descobri que isso não a tranqüilizava. Ela dizia "Mas eu não conheço Jesus!"
Nós não somos um pouco parecidos com ela? Será que nosso maior medo não é igual ao de uma criança?
Medo da morte, do desconhecido.
Medo de ficar longe de pessoas que amamos.
Jesus sabia do medo de seus discípulos. Quando Ele morreu, ele voltou da morte para assegurar-lhes. Jesus voltou para dizer "Não tenha medo - eu venci a morte."
Ele voltou também para dizer "Eu não vou deixar vocês sozinhos. Estarei sempre com vocês. E um dia nós todos vamos ficar com nosso Pai para sempre."
Vamos lembrar sempre deste amor e carinho de Jesus para conosco.
Lucas 24:36-49; Heb 2:14-15; 1 João 4:18
A morte é uma passagem que todos nos seres faremos um dia , mas não necessariamente precisamos de descendentes para nos tornarmos imortalizados podemos fazer isso de outras formas e uma delas e através da hermenêutica.
ResponderExcluirA morte é que está morta
ResponderExcluirEla é aquela Princesa Adormecida
no seu claro jazigo de cristal.
Aquela a quem, um dia - enfim - despertarás...
E o que esperavas ser teu suspiro final
é o teu primeiro beijo nupcial!
- Mas como é que eu te receava tanto
(no teu encantamento lhe dirás)
e como podes ser assim - tão bela?!
Nas tantas buscas, em que me perdi,
vejo que cada amor tinha um pouco de ti...
E ela, sorrindo, compassiva e calma:
- E tu, por que é que me chamavas Morte?
Eu sou, apenas, tua Alma...
Mario Quintana
"O caminho das oferendas até o conteúdo imagético das cenas mortuárias dá prosseguimento a uma fixação. Ainda hoje o nosso sentimento linguístico confirma o fato de não se poder pensar a vida de alguém ou a própria vida como perecível porque o vivente já está sempre consciente da finitude de sua existência" (p. 290).
ResponderExcluirDe acordo com o trecho acima a consciência da morte é fato, pois é a única certeza que o ser humano possui. Mas é interessante, mesmo ao saber que vai morrer, não sabe quando ou como este fato irá acontecer. A morte é algo inevitável e até mesmo aos autores literários, no sentido de abordar o assunto. No entanto, não faço-me de um exemplo literário e sim de um musical, no qual Raul Seixas, mesmo não tendo certeza de quando a morte chegará, pede no mínimo que se vista bem – “Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar” – quando vir levar ele. Em “Canto para minha morte” de Raul Seixas, percebe-se a ideia de certeza da morte, principalmente em seu refrão:
“Vou te encontrar vestida de cetim,/Pois em qualquer lugar esperas só por mim/E no teu beijo provar o gosto estranho/Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar/Vem, mas demore a chegar./Eu te detesto e amo morte, morte, morte/Que talvez seja o segredo desta vida/Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida”
E neste refrão muita simbologia que a personagem que fala consegue compreender seu destino e ao mesmo tempo que detesta a morte à ama, vendo-a como algo belo.
GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica da obra de arte. Tradução: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2010. (capítulos 17 e 19).
RAUL SEIXAS. Há dez mil anos atrás. São Paulo: Philips, 1976. LP e Fita Cassete (39:30 mim)
Quando em vida o homem busca a realização de feitos e fatos para ser lembrado e desta forma manter viva sua imagem. A única coisa a qual o homem não pode fugir é a morte, nem saber o que o espera depois dela. No conto “Cantiga de esponsais ” de Machado de Assis é possível perceber o quanto somos pequenos e incapazes de lutar contra ela, o personagem mestre Romão que perdeu sua mulher logo após o casamento e passou o resto de sua vida tentando compor uma musica para sua mulher, porém um dia não conseguiu e um dia ouviu uma moça assoviando exatamente aquela canção depois disso acabou morrendo.
ResponderExcluir“Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda frase musical, justamente a que mestre Romão procurara durante anos sem achar nunca. 0 mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou.”
Caroline Ferreira Pinheiro.
Sabe-se que uma das diferenças entre a poesia épica e a poesia lírica está no fato da primeira reconhecer os “grandes feitos históricos” como a melhor forma de o homem ser lembrado após sua morte, e a segunda, acreditar no amor como meio de se viver para sempre, na memória dos que permanecem vivos. Na citação das “Memórias póstumas”, Brás Cubas lamenta não ter tido filhos, pois, para ele, talvez essa seja a melhor forma de se manter vivo: transmitir o seu legado a outra criatura e garantir uma “continuidade”, mesmo depois de morto.
ResponderExcluirAssim, é possível pensar a busca por meios extras de permanecer no mundo dos vivos como uma necessidade intrínseca a toda humanidade, uma vez que o destino da mortalidade é reconhecido por todos e incontestável.
Danielle R. Betemps, em 14/01/2014.
No segundo trecho Gadamer faz referência à morte. Essa fixação, referida pelo autor, aparece na literatura como símbolo do desconhecido, de algo que nem mesmo nas obras literárias conseguimos vislumbrar.
ResponderExcluirEm “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o defunto-autor de Machado de Assis nos fala de sua vida, estabelecendo a morte como a finitude de sua trajetória. Em Don Quijote de la Mancha, a morte do personagem principal também é o fim de seus devaneios de cavalaria, a sua morte física coincide com a negação de suas ilusões, a morte de seus sonhos.
Vivian Anghinoni Cardoso Corrêa
Ao fazermos análises textuais a partir da hermenêutica, temos o texto como um símbolo fechado em si. No segundo trecho apresentado, fala-se de morte. Este tema também é tratado nos dois exemplos literários (no primeiro, a morte do tio; no segundo, a do próprio Brás Cubas).
ResponderExcluirO que esses trechos das obras literárias nos mostram é uma representação simbólica do que é a morte. É muito importante compreendermos o que o símbolo utilizado quer dizer para a termos a compreensão mais correta possível do texto.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir" Eu diria que a escrita, para mim, está ligada à morte, talvez essencialmente à morte dos outros, mas isso não significa que escrever seria como assassinar os outros e realizar contra eles, contra sua existência, um gesto definitivamente mortífero que os expulsaria da presença, que abriria um espaço soberano e livre à minha frente. De maneira nenhuma. Para mim, escrever significa lidar com a morte dos outros, sim, mas, essencialmente, significa lidar com os outros na medida em que já estão mortos. De certa maneira, falo sobre o cadáver dos outros. Devo confessar que, até certo ponto, eu postulo sua morte. Falando deles, me vejo na situação do anatomista que faz uma autópsia" (Foucault (1966/ 2004).
ResponderExcluirSegundo Foucalt, vindo de encontro com as ideias de Gamant, a morte é necessária e inevitável para que hoje alguém viva é necessário que alguém morra. Conforme o fragmento de Foucalt para ele “ escrever significa lidar com a morte dos outros”, porque isso causa prazer a quem escreve, se tornando assim o dono da história, podendo fazer com ela o que quiser, conforme aconteceu em Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, como ele já estava morto podia narrar da forma que quisesse, até mesmo de trás para frente.
Maristela Cardoso da Rosa
Ok
ResponderExcluirSusana Costallat
A única certeza desta vida é a morte, porém não sabemos como e quando ela vai chegar, não basta só existirmos também temos que viver por isso devemos fazer o que gostamos para sermos felizes. Já dizia Renato Russo na letra da música “pais e filhos” ....È preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar na verdade não há...
ResponderExcluirNa obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, a morte do narrador serviu para libertação e como uma forma de fuga do mundo imperfeito, passando o mesmo a idealizar nas cenas narradas o seu ponto de vista da sociedade sem sensuras.
Flamarion Silveira
O segundo trecho fala sobre a morte,algo que é do conhecimento de todos,indiferente da cultura,mas que é encarado de maneira diferente,alguns nem pensam que um dia vão morrer e outros vivem pensando nisso,de certa forma é um assunto complexo,mas que para o autor é algo de fato inevitável,trago este poema de Cecília Meireles que fala sobre a morte e que achei interessante:
ResponderExcluirTu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles
“De acordo com sua definição originária, a hermenêutica é a arte de explicar e de meditar, com base em um esforço interpretativo, o que é dito pelos outros e o que vem ao nosso encontro no interior da tradição, sempre que o que é dito não é imediatamente compreensível.”
ResponderExcluirHans-Georg Gadamer
Dada a relevância da interpretação no ato de traduzir, a Hermenêutica, como campo de conhecimento que investiga os meandros da interpretação, abre caminhos para refletir a fidelidade na tradução e a impossibilidade dessa tarefa. De acordo com Hans-Georg Gadamer, a tradução, como qualquer atividade de compreensão humana, acontece por meio de uma interpretação. Esta é fundamentada no diálogo entre texto e
tradutor que se deixa guiar pelas perguntas, ou temas, que a obra coloca. Tal abordagem relativiza a dicotomia entre forma e conteúdo, na qual a fidelidade baseia-se, por considerar a obra literária como um todo único, que surge na continuidade e na partilha de nosso conhecimento. Além disso, a hermenêutica, ao apontar para a íntima relação entre interpretação e compreensão, estabelece a atividade tradutória não só comopossível, mas também criativa.
A hermenêutica é uma teoria da compreensão que não se liga só ao texto escrito, mas a diversas atividades. No dia a dia, estamos o tempo todo interpretando. Nosso modo de compreender se organiza por meio de uma cadeia de perguntas e respostas.
Referências
periodicos.ufsc.br/index.php/scientia/article/
GADAMER, Hans-Georg. Hermenêutica da obra de arte. Tradução: Marco Antonio Casanova. São Paulo: Martins Fontes, 2010. (capítulos 17 e 19).
Priscilla Dutra
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ResponderExcluirA Morte Chega Cedo
ResponderExcluirA morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
Fabiane Cassana Rosa
A teoria da hermenêutica tem por finalidade a interpretação dos textos, pois como o poeta Paul Valéry formulou uma metáfora para expressar a diferença entre as palavras que falamos na comunicação e a palavra poética . "A palavra que usamos na comunicação é como moeda de latão, ou seja, ela significa algo que ela mesma não é." Em Memórias Póstuma de Brás Cubas, Machado de Assis utilizou-se da morte para expressar aquilo que estava guardado no seu íntimo com isso conseguiu dizer tudo o que queria .
ResponderExcluirDiz Carneiro Leão sobre a hermenêutica originária: "Por isso se impõe sobretudo questionar o próprio poder da ciência em sua impotência de pensar. É o que nos proporciona uma hermenêutica originária. O verbo hermenéuein significa trazer mensagens. O hermeneus, o mensageiro, pode ser posto em referência com Hermes, o mensageiro dos deuses. Ele traz e transmite a mensagem do destino que trama as vicissitudes da história de homens e deuses. Nem toda interpretação é uma hermenêutica (originária). Somente a que descer até o vigor do mistério que estrutura a história" (1). "O propósito desta hermenêutica não é corrigir ou substituir-se à ciência. Nem mesmo é o diálogo pelo diálogo, mas exclusivamente o que no diálogo se faz linguagem: a identidade que misteriosamente reivindica de modo diferente, a nós modernos e aos gregos antigos, por ter aviado a aurora do pensamento no dia do Ocidente"
ResponderExcluir- Manuel Antônio de Castro
(Só pra não colocar "ok", levarei o comentário na aula amanhã.
Mariane Kruger
“Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.” ( Livro: O pequeno Príncipe)
ResponderExcluirA hermenêutica significa interpretar a arte, que está diante de nossos olhos e indagar diante da obra o que ela tem a nos dizer,pelo campo em relação as nossas expectativas.Gadamer diz que na experiência de arte é possível mover-se pelo campo imediatamente produzido pela coisa que determina o nosso interesse.
ResponderExcluirPara exemplificar a certeza que o homem tem de sua própria finitude diante da morte, cito o poema de Murilo Mendes:
Homem Morto
Homem estendido na mesa
a roupa preta faz ele ficar maior,
os quatro tocheiros arrumados simetricamente
constroem na sala pobre um túmulo imaginário.
Os retratos de família emoldurados em pelúcia
esfregam as mãos de alegria.
A botina polida
mostra o selo novo de consumo.
As crianças pobres do vizinho
tiram retrato na botina.
,
A hermenêutica, é uma análise da compreensão “a partir da natureza da linguagem e das condições basilares da relação entre o falante e o ouvinte” (Akademienrede, 156).
ResponderExcluirScheleiermacher estabeleceu quatro distinções.Primeira é distinção entre a compreensão gramatical,que se da a partir do conhecimento da totalidade da língua do texto,e a compreensão técnica ou psicológica ,que se da ao conhecimento da totalidade da intenção do autor e seus objetivos.Para demonstrar esses tipos de interpretação temos a ‘’Compreensão comparativa:que é firmada na multiplicidade dos conhecimentos objetivos,históricos e gramaticais,procurando o sentido a partir do enunciado.A segunda forma de compreensão é a ‘’ Compreensão divinatória: Que é a busca do significado a partir da adivinhação imediata do sentido do texto.
Vemos então que a interpretação se dá a partir dessas formas de compreensão. Na obra de Machado de Assis há a representação da morte através do personagem Brás Cubas que morto conta toda a sua vida.
Poética
ResponderExcluirDe manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
"Vinicius de Moraes"
Gadamer afirma que voltamos a captar o contexto em que um autor escreveu tendo em consideração a audiência pretendida e as questões a que o autor respondia. A interpretação pressupõe uma "pré-compreensão" historicamente determinada, um "horizonte"; envolve uma "fusão de horizontes", os horizontes do passado e do presente. Não podemos ter a certeza de que a nossa interpretação é correta ou melhor do que interpretações anteriores. A nossa interpretação, e o nosso veredito sobre interpretações anteriores, está sujeita a revisão futura. Ao interpretar um texto do passado, investigamos nossa pré-compreensão tanto quanto o texto em si.
ResponderExcluirDesde o início de sua vida o ser humano está sujeito à supressão de sua existência. De fato, isso significa que o homem é um ser destinado a morrer. Essa situação desperta diversas formas de enfrentamento, que variam de um ser para outro e ao envelhecer, acabamos por lapidar o significado da morte. Entretanto, o ser humano caracteriza-se também e, principalmente, pelos aspectos simbólicos, ou seja, pelo significado ou pelos valores que ele imprime às coisas. Por isso, o significado da morte varia necessariamente no decorrer da história e entre as diferentes culturas humanas.
ResponderExcluirNo capítulo das negativas da obra "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, é possível evidenciar o significado da morte para o personagem Brás Cubas quando ele diz: "(...) porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Editora Globo, 1997, p. 208.
1-) Toda obra literária tem além dos elementos semânticos que nos proporcionam as palavras, estas evidenciam modos, situações, imagens, temáticas, etc. das quais se pode depreender uma significado ou uma significação individual, por meio da interpretação que faz cada leitor. Desde esta perspectiva e com base teórica na hermenêutica entendendo-se esta como a arte da interpretação, pode-se fazer uma analise da morte como símbolo constante nas obras de Horacio Quiroga. Não há duvidas que as obras do autor uruguaio se constituam no reverso da dor existencial. O símbolo morte nos relatos quiroguianos estão eufemizados de uma maneira muito particular,ou seja, não estão eufemizados no sentido de uma vida eterna ou algo assim, mas sim pelas diversas formas em que seus personagens vão aceitando a morte.
ResponderExcluirEmbora a ideologia quiroguiana sobre a morte não seja filosófica, é importante reconhecer que em sua obra há uma grande habilidade retórica que lhe permite ao autor afastar-se de todo tipo de tabu ou crença sobre o fenômeno da morte. Na narrativa do contista o sentido da morte se centra na luta de seus personagem frente à morte, primeiramente eles lutam contra a mesma, depois passam por um processo sofrido de aceitação da realidade que é a morte segura e tudo isto baseado na afirmação da individualidade frente ao fato de morrer, que pelo seu caráter de contingência questiona, inclusive, nosso concepto metódico e racional sobre a vida.
http://recursosbiblioteca.utp.edu.co/dspace/bitstream/11059/1577/1/12168G743.pdf
Para se alcançar a compreensão de um texto, seu significado mais profundo, é necessário investigar os diversos elementos que compõem a criação da obra, o autor, o texto e o leitor. A prática mais convencional para se pesquisar o sentido bíblico, e por extensão o significado de qualquer outro texto pesquisado, é partir do autor, do que este desejou transmitir, em plena consciência, ao elaborar seus escritos. Assim, é importante comparar as várias obras produzidas pelo escritor, para se verificar o que ele disse em diferentes momentos, considerando-se sempre as línguas em que os textos foram criados. Os Protestantes se valeram desta metodologia para melhor combaterem o Catolicismo, apegando-se para isso ao sentido literal das Escrituras, alegando retomar assim o significado original dos ensinamentos de Jesus. No que diz respeito ao texto, alguns estudiosos defendem que o sentido do discurso tem liberdade significativa, liberando-se do domínio de seu criador assim que é escrito. Assim, quando ele é levado a público, não se aplicam mais a ele as normas da informação, pois ele agora se tornou uma obra literária. Do ponto de vista do leitor, o conteúdo textual é por ele determinado, é este agente que explicita o que foi escrito. Assim, como há as mais variadas espécies de leitor, há também distintas interpretações de um texto.
ResponderExcluirExemplo de hermenêutica se o jornal diz que “a educação é o caminho que o Brasil deve trilhar”, isto é linguagem figurada, mas todos, de modo simples e imediato e honrando o literalismo racional, entendem que “caminho” não é uma rodovia, e que “trilhar” não é com pés físicos literais! Todos entendem que “caminho”, na sentença, significa ação a ser tomada para a salvação do nosso país. Esta é a interpretação literal racional, literal, óbvia, indiscutível dentro do seu contexto.
Eliani Ludwig
A hermenêutica de Gadamer , planteia-se a partir do desenvolvimento ontológico e histórico, na qual busca a verdade, parte do desenvolvimento ontológico e históricos, para buscar a verdade partindo da filosofia da linguagem, assim considera que o conhecimento é fundamental para a existência humana, e que a pessoa como ser pode se construir totalmente desde sua própria interpretação do mundo, e que este compreender e compreender-se construído de maneira constante traz um conhecimento de si, sobre si mesmo.
ResponderExcluirPara isto Gadamer traz um conhecimento do homem sobre si mesmo contextualizando-o ao longo dos séculos e dos diferentes movimentos artístico, desde os gregos até o Sec. XX, mostrando que o homem faz parte de sua própria história como um protagonista e não como um simples espectador.
Gadamer entende a hermenêutica como uma metodologia universal com estrutura lógica superior com capacidade de entender as particularidades da ciência que o modo de relacionar-se o ser humano com o mundo é a través da interpretação, em que a sua compreensão construtiva, traduz para sia própria realidade compreendida, considerando que todo conhecimento é a sua vez interpretação que implica o reconhecimento da realidade compreendida.
Para Gadamer o objeto da hermenêutica seria explicitar o que ocorre nesta operação humana fundamental da compreensão a través da interpretação, salientando que para a compreensão do todo tem que se compreender as partes, e que para compreender as partes tem que se compreender o tudo, mas para isto o ser humano tem que conhecer o mundo partindo de sua finitude, e na busca incessante do ser como um ser, e para isto a ferramenta essencial e a linguagem, o qual ele dizia “ser, como ser linguagem”.
Exemplos de “hermenêutica”, ou de interpretação sobre a inexorabilidade da morte:
EL GESTO DE LA MUERTE
Un joven jardinero persa dice a su príncipe:
—¡Sálvame! Encontré a la Muerte esta mañana. Me hizo un gesto de amenaza. Esta noche, por milagro, quisiera estar en Ispahán.
El bondadoso príncipe le presta sus caballos. Por la tarde, el príncipe encuentra a la Muerte y le pregunta:
—Esta mañana ¿por qué hiciste a nuestro jardinero un gesto de amenaza?
—No fue un gesto de amenaza -le responde- sino un gesto de sorpresa. Pues lo veía lejos de Ispahán esta mañana y debo tomarlo esta noche en Ispahán.
Conto de Jean Cocteau, reproduzido por Jorge Luis Borges.
A primeira versão data dos inícios século VI e está incluida no "Tratado Sukka 53ª do Talmud da Babilonia" , e é a seguinte:
CITA EN LUZ
El Rey Salomón tenía dos escribas kusitas: Elicoreph y Achiyah, hijos de Shisha. Un día Salomón observó que el Ángel de la Muerte estaba triste.
Salomón le preguntó: “¿Por qué estás triste?” Y él le respondió: “Porque se me ha pedido que tome a los dos kusitas que te sirven”.
Salomón ordenó a los demonios que condujesen a los dos escribas sobre los campos a la legendaria ciudad de Luz donde nadie perece, pero murieron antes de llegar a las puertas de la ciudad.
Al día siguiente Salomón observó que el Ángel de la Muerte estaba alegre, y le preguntó: “¿Por qué estás alegre?” Y él respondió: “Porque has enviado a tus dos escribas al lugar exacto donde debía tomarlos.
Desde essa primeira versão conhecida, o apólogo se multiplica em muitíssimas outras, com variações de personagens e localizações geográficas.
Referencias: http://gjol.blogspot.com.br/2009/06/voo-447-e-o-gesto-da-morte.html
Edgardo Piriz Milano
“A todas as artes da cultura, contudo, é comum o fato de elas designarem em verdade conjuntamente o domínio do homem sobre a terra, mas não conseguirem suspender o destino da mortalidade.” (p. 272).
ResponderExcluirA condição humana trabalhada na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, mostra claramente a libertação do personagem que conta sua vida, suas memórias (como o título da obra aponta) quando já está morto. O fato do personagem narrador estar morto, contando sua vida, lhe “protege” de uma certa forma, impedindo que os fatos narrados sejam contestados ou mesmo condenados, não havendo punição ou censura para o mesmo.
Hermenêutica significa: interpretar, e é um termo de origem grega. Hermenêutica na Bíblia é a compreensão das escrituras, para compreender o sentido das palavras de Deus. Hermenêutica está presente na filosofia e na área jurídica, cada uma com seu significado.
ResponderExcluirO homem é um ser acomodado, que se movimenta pelo medo da: fome, morte, solidão...E.nosso comportamento segue num sentido de não confrontar nossas frustrações nos isolamos em nossas gaiolas e ali nos aventuramos correndo numa grande roda aramada.
Na campo filosófico usamos a mesma estratégia,de usar variantes para comunicar o que queremos dizer e com isso podemos orgulhosamente citar: "Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez".(William Shakespeare). E seguirmos morrendo várias vezes..........
Márcio Everson
Entregarei em aula.
ResponderExcluirA Hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura compreender um determinado texto, ou seja, esta expressão – provinda do grego hermeneuein -, tem o sentido de ‘interpretar’, ‘explicar’ de uma forma geral a passagem textual em questão, tentando nela encontrar a alegoria presente.
ResponderExcluirPlatão considerava hermenêuticos os próprios poetas, hermenes ou intérpretes das divindades, enquanto vários pensadores compreenderam a obra de Homero alegoricamente.
"Os homens são como as ondas, quando uma geração floresce, a outra declina".
Homero
Referências:
PALMER, Richard E. Hermenêutica. Lisboa: Edições 70, 1986.
DOMINGUES, Ivan. Epistemologia das Ciências Humanas. Tomo 1: Positivismo e Hermenêutica. São Paulo: Loyola, 2004.
WACHTERHAUSER, Brice R (ed).Hermeneutics and Truth. Evanston, IL: Northwestern University Press, 1994.
Entregarei em aula.
ResponderExcluirLilian Cristine M. Bizarro
¨Aos vencedores, as batatas.¨
ResponderExcluirGraciele Pedra
CRÍTICA LITERÁRIA
ResponderExcluirHERMENÊUTICA
Ambos os fragmentos das obras literárias citadas como ilustração na postagem matriz mencionam a morte. Servindo-me da abordagem teórica de Hans-Georg Gadamer (tradução 2010: 272), o destino inevitável, indesviável e inquestionável denominado “morte” está permanentemente à condição de “estar vivo”.
Na obra de Albert Camus “O Estrangeiro” (1942), de cunho existencialista (corrente ideológica compartilhada pelo autor com seus compatriotas Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir), Meursault, personagem narrador, lida com a morte de uma forma integralmente realista e inseparável da condição humana quanto ser vivo. Observam-se tanto no episódio do falecimento da sua mãe (“Hoje a minha mãe morreu. Ou talvez ontem, eu não sei”), quanto horas antes de ser executado no final deste romance (“eles anunciavam as partidas para um mundo que nunca me foi indiferente”).
No entanto, Meursault presencia uma situação peculiar quando o velho e doente cachorro do seu vizinho, o velho, doente e viúvo Salamano, desaparence num local público. Num momento de pura raiva, Salamano diz “ah, bem que ele pode morrer”, apesar de este cão ser seu companheiro desde a morte de sua esposa que, desde então, vivia sendo mal tratado, espancado por seu dono e impiedosamente chamado de “safado, carniça!”. Contudo, Meursault vinha percebendo que Salamano chorava constantemente pela ausência do seu animal de estimação cujo valor afetivo de fato foi explicitamente demonstrado na ocasião deste desaparecimento temporário ou definitivo (através da sua morte).
As artes da cultura, portanto, apresentam, ao longo dos tempos em diferentes sociedades, forte compromisso com a “preparação do ser humano para a morte”.
"Você vale pelo que diz, diz pelo que pensa, pensa pelo que lê"
ResponderExcluir1) "A todas as artes da cultura, contudo, é comum o fato de elas designarem em verdade conjuntamente o domínio do homem sobre a terra, mas não conseguirem suspender o destino da mortalidade." (p. 272).
ResponderExcluirO domínio do homem sobre a terra presente nas obras literárias faz com que o leitor reflita sobre a sociedade em que vive e na forma como ele mesmo realiza determinadas transformações, no seu pensar, na sua forma de agir com o outro e até mesmo na manipulação do outro para alcançar seus interesses. O homem se torna prisioneiro de si mesmo e muitas vezes não percebe isso, ele cria uma sociedade para si com o objetivo de mantê-la a seu favor, mas acaba muitas vezes corrompido por ela de uma forma que ele se coloca contra ele mesmo, e assim ele se mostra fraco perante o seus interesses, manipulado pelo erro que ele criou.
Machado de Assis nos traz certa simpatia inicial em seu texto, uma irreverência em um autor defunto, que relata sua infeliz trajetória de vida, que nada conseguiu alcançar e se sente agradecido por não ter passado adiante o seu azar de vida. Ele não continuou transmitindo a sociedade, através de filhos o seu legado, o qual ele julga ter sido ruim, pois nunca alcançou um bom patamar social.
A capacidade de falar de realidades transcendentes para o ser humano como a perspectiva da morte é abordada por Adriana Lisboa em sua obra Hanói. Lá temos o personagem principal David em sua luta titânica contra o gigante invencível do destino. David sabe que possui uma doença incurável e está com os dias contados. Tal qual Davi, personagem bíblico, ele encara a batalha, e como é um herói dos nossos tempos é derrotado. E o que importa aqui é a luta que se desenrola, as dúvidas que o personagem tem sobre si, sobre a vida, sobre o mundo, sobre o amor e inclusive sobre quem é, já que é um personagem desenraizado. O que torna este personagem desconectado de uma tradição ancestral é o fato de seu pai ser brasileiro, sua mãe dominicana e ele nascido nos EUA, não possui parentes. Vai por isso buscar suas raízes em uma mulher filha de pai norte-americano com mãe vietnamita e ela própria mãe de um filho com um treinador de basquete negro. “Podemos fazer de conta que eram uma família. Se um deles era quase latino, o outro quase negro e a outra quase asiática, isso apenas apontava para alguma causa pouco ortodoxa que não dizia respeito à ninguém” (Lisboa; 2013, p.155) esse fato de tentar responder a questão do que é a família hoje, e como se dá as representações sociais e por fim a temática da morte é uma tentativa de Adriana Lisboa em seu romance.
ResponderExcluirDAS UTOPIAS
ResponderExcluir''Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!''
Mario Quintana - Espelho Mágico
A única certeza que temos nesta vida é a morte. Muitas pessoas que estão em uma "prisão", como por exemplo sofrendo por alguém ou algo, encontram nela o fim de sua dor. A ideia do suicídio para quem está disposto a cometê-lo é uma grande consolação, pois ajuda a suportar as dores da alma. "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia." Livro que trata desta temática é “Os sofrimentos do jovem Werther” de Johann Wolfgang von Goethe. Quando werther já não aguenta a ideia de que não terá a sua amada, busca no suicídio acalmar o sofrimento da alma. “Um vizinho viu o clarao de pólvora e ouviu o tiro, mas como tudo ficou em silencio depois disso, não deu maior atencao ao caso. De manhã por volta das seis, o criado entrou no quarto com a lamparina nas mãos. Encontrou seu senhor prostrado no chão, a pistola e sangue. Chamou-o, levantou-o, e nada de resposta, ele apenas estertorava.” (p.172)
ResponderExcluirOs sofrimentos do jovem Werther. Tradução Marcelo Backes. Porto Alegre: L&PM, 2001.
http://www.sparknotes.com/philosophy/sisyphus/section1.html
Tentarei entregar meu comentário por escrito amanhã.
ResponderExcluirA Hermenêutica de Hans George Gadamer preenche uma lacuna na bibliografia sobre estética no Brasil. Trata-se de um conjunto de textos que cobre o período de 1943 (com “Hölderlin e a Antiguidade”) até 1990 (com “À Sombra do Niilismo”). Além de programáticos sobre a questão da hermenêutica como método – o lugar de Gadamer nesse percurso está bem tratado na introdução –, encontramos no conjunto de ensaios duas dinâmicas: a primeira diz respeito aos temas da estética clássica, a partir de onde Gadamer dialoga criticamente com a tradição, retomando conceitos como a imitação, o belo e a representação, recorrendo a filósofos seminais, de Platão a Kant, de Aristóteles a Nietzsche.
ResponderExcluirSua retomada dos conceitos clássicos não se faz como um mero exercício erudito. Já no primeiro texto podemos ler que “a realidade da obra de arte e a sua força enunciativa não podem ser reduzidas ao horizonte histórico original no qual o observador vivia efetivamente ao mesmo tempo que o criador da obra” (“Estética e Hermenêutica”, 1964, p. 1). Seu interesse são as possibilidades contemporâneas da contemplação e os limites da percepção, e isso sem desconsiderar conceitos como o de indústria cultural.
Ao retomar Aristóteles, destaca a perenidade de um de seus mais importantes conceitos, e o faz quando trata da pintura moderna, não sem antes avisar que vai contra “os preconceitos classicistas”: “O primeiro dos três conceitos a partir dos quais procurarei me aproximar do problema da pintura moderna é o conceito de imitação, um conceito que pode ser concebido de maneira tão ampla que, como veremos, sempre continua mantendo por fim sua verdade” (“Arte e Imitação”, 1967, p. 13). No mesmo texto, Gadamer mostra que o tratamento clássico já não é suficiente diante de conquistas do século 18, como o conceito de expressão, utilizado mormente na estética musical, onde a eficácia da mimese aristotélica é mais duvidosa.
Num movimento quase circular, passando por Pitágoras e Kant, Gadamer afirma que a imitação da natureza não significa que a mimese deva estar “atrás da natureza”, e que a melhor maneira de compreender Aristóteles é perceber que o elemento mímico vem ao nosso encontro de variadas maneiras, como no teatro, mas não apenas nas representações literárias: “Tais coisas como o reconhecimento de bonecos são vivenciadas em toda festa popular, por exemplo no carnaval. No carnaval, todos se alegram ao tomarem conhecimento daquilo que é representado. (…) Seja no contexto solene, seja no contexto profano, o elemento mímico está propriamente presente na realização imediata da representação” (p. 18). Seus ensaios fornecem boas razões para retornar aos clássicos com prazer, mas também para mostrar que a arte moderna e contemporânea exige um empenho redobrado de quem pretende enfrentá-la teoricamente.
O exemplo acima remete a outro. Quando relê Nietzsche, Gadamer o faz de modo próximo à recepção que vê nas obras da primeira fase um momento-chave da estética moderna. Já em 1954, em “Mito e Razão”, afirma que “(…) foi o cristianismo que, na pregação do Novo Testamento, empreendeu pela primeira vez uma crítica radical ao mito” (p. 58). Para que não reste dúvida, logo adiante assegura que “Nietzsche não deu senão um pequeno passo quando, em sua Segunda Consideração Intempestiva, viu no mito as condições vitais de toda cultura” (p. 59). Sua plena compreensão do significado de afirmações até hoje mal lidas em Nietzsche, como o lugar dos instintos populares, é só um exemplo da riqueza desses textos, e de sua serventia para nossos cursos de filosofia da arte.A abrangência dos textos nos conduz até autores como Günter Grass, passando por Rilke, Stefan George, Thomas Mann, Gottfried Benn e Paul Celan, entre muitos outros. Um grande manancial de possibilidades de discussão e enfrentamento de autores e obras. Enfim, um fôlego crítico renovado para os interessados nas artes; um livro que indica que nem tudo parece esgotado.
Lido! Entrego meu comentário em aula amanhã.
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