Nas atividades do projeto Sob a égide do totalitarismo e autoritarismo: a literatura como reflexão discutimos a violência a partir da abordagem literária, com a leitura, dentre outros, dos contos "Uma Vela Para Dario", de Dalton Trevisan e "Passeio Noturno - Parte I", de Rubem Fonseca. Complementemos nossas reflexões com o material abaixo:
Observemos também este recorte de jornal registrado afixado no mural da estação rodoviária do município gaúcho de Encruzilhada do Sul:
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"Com Theodor Adorno e Walter Benjamin, a reflexão sobre a
literatura incorporou uma crítica da violência. Motivados pela indignação com
os regimes autoritários e pelo impacto das guerras, os autores elaboraram
reflexões estéticas pautadas pela necessidade de enfrentamento dos fundamentos
filosóficos e sociais da violência de seu tempo". (GINSBURG, 2010, p.73-74)
“era
como se esses autores afirmassem que a realidade social é violenta e
autodestrutiva em conseqüência de uma violência maior do próprio sistema”. (SCHOLLHAMMER,
2000, p.244)
"Poder-se-ia
afirmar que a tendência brutalista na literatura brasileira se apoia na
temática da violência sem nenhuma intenção de legitimar a crua realidade dos
submundos urbanos. Ao contrário, percebemos como esta narrativa, ao representar
uma realidade inaceitável do ponto de vista ético ou político, abre um diálogo
com seu conteúdo desarticulado, permitindo assim enxergar uma procura de
comunicação abafada culturalmente". (SCHOLLHAMMER, 2000, p. 256).
"Essa violência é
particularmente intensa e sistemática nos períodos caracterizados como regimes
autoritários, o Estado Novo e a Ditadura Militar, nos quais seu exercício foi
metódico e planejado, mas não se restringe a eles, perpassando no país, ao
longo de todo o período que Eric Hobsbawm chamou de era dos extremos".
(GINZBURG, 2010, p.98)
O video traz algo que podemos notar em várias obras vistas nesse semestre e que me chamou muita atenção: a conformidade que todos têm com um determinado sistema. A violência é vista como algo tão normal e, às vezes, até necessário por nós, que uma notícia de "heróis" gaúchos conhecidos por matar sadicamente alguém não é nada demais, quem dirá um presidiário apanhando de policiais apenas por questionar uma ordem. Ordem essa, aliás, que nem era de um superior, realmente, a falta de conhecimento dos guardas da origem da ordem chegaria a ser cômica se não fosse trágica, já que todos seguiam-na como lei sem saber de sua veracidade ou de onde vinha, apenas estavam conformados em seguir ordens de superiores, sejam eles quem fossem. Dorival enxergava a situação e foi contra, questionando, e isso declarou seu fim, assim como muitos personagens que já vimos.
ResponderExcluirEsse curso foi muito bom para diversas discussões, muito difícil não refletir e sentir mais raiva com tudo que vemos, mas é algo necessário e creio ajudar a desenvolver um senso crítico. Foi ótimo comparar as histórias com o que vemos no nosso cotidiano. Realmente, a literatura conta a história que já passomos, a que estamos vivendo, e parece prever o que está por vir, porque muitas coisas não mudam.
A desnecessidade de qualquer estrutura de ordem para se infligir ou praticar violência contra o outro é realmente trágico, especialmente porque, como percebemos, esse trauma presente em nossa formação social e histórica parece-nos longe de ser superado. Nesse sentido, sim precisamos evitar o sentimento de raiva e transformá-lo em indignação reflexiva a respeito dos processos que levam a tais violências. Obrigado por sua participação nas atividades e por esta reflexão.
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